terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
Uma carta para Laura
Laura a gente ainda não se conhece, por pura falta de oportunidade. Eu sei que o dia em que iremos nos encontrar está próximo e fico feliz por isso.
Talvez a gente se encontre apenas uma vez, quem sabe alguns dias na semana ou quase nunca, mas saber que você existe já é muito bom.
Sabe Laura aproveite cada minuto da sua vida, mesmo agora quando as cólicas apertam e você não entende o que está acontecendo ao seu redor, aproveite!
Nem sempre você terá o prazer de saber que aquilo que te incomoda é passageiro e que o desconhecido não passa de um fantasma amoroso.
A vida aqui fora está difícil. Desculpe, não quero te assustar. A minha intenção é apenas avisá-la para que não tenha tanta pressa de crescer.
Acho que fiquei muito alta, muito rápida e cheia de pensamentos, os piores deles, que buscam o sentido das coisas. Esses são os piores. Não tenha pressa, Laura!
Não existe sentido em crescer rápido enquanto a humanidade encolhe. Para que andar tão depressa quando ninguém sabe mais para aonde ir em busca de paz, está tudo diferente por aqui.
As virtudes que aprendemos a respeitar quase não fazem mais sentido. Hoje, os bons são confundidos com tolos, os mansos são chamados de covardes e os humildes são motivos de chacota.
Ai Laura, eu tenho visto cada coisa...
A última foi à morte de uma garotinha, pouco mais velha que você, dona de um sorriso lindo. Ela não está mais neste mundo, você nunca chegará a conhecê-la. Sinto muito, não deu tempo.
Ainda é cedo para falarmos de assuntos tão sérios, deveríamos falar de sonhos...
Eu tenho um sonho. Sonho que um dia, numa manhã de sol, todos vamos acordar e lembrar quando éramos apenas um bebê, como você, Laura.
Éramos puros de coração, nossas emoções eram verdadeiras. Queríamos ser amados, alimentados e nossas necessidades eram simples de serem atendidas
Confiávamos nos nossos fantasmas. Hoje, duvidamos até da nossa sombra.
Pra você, eu desejo o mundo dos sonhos...
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