Estava no supermercado escolhendo as verduras na gôndola com o pensamento longe... o que vou comprar no Dia das Crianças para os meus filhos e sobrinhos?
Apesar de a data ser puramente comercial, eu deixo me levar para em troca receber um sorriso iluminado, acho que vale a pena.
Com isso em mente, estava passando no caixa para pagar as comprinhas quando encontrei uma colega que não via há bastante tempo. Percebi que ela estava meio abatida, mas nada perguntei.
Afinal, não existe nada mais chato do que falar para alguém que ela está com aparência cansada, pálida e com olheiras.
Se a pessoa estiver triste, vai direto pro poço.
Na verdade não foi preciso perguntar, em uma demonstração de confiança, ela me contou que estava cuidando da mãe, que estava com mal de alzheimer e esclerose. Contou que está passando por uma situação muito difícil e que sente que as suas forças estão acabando.
A mãe quase não a reconhece. O trabalho, a preocupação e a solidão são as suas amigas inseparáveis, nos últimos dias.
Sem contar toda a carga emocional que isso envolve, ninguém está preparado para ver a sua fortaleza tremer e ameaçar desmoronar.
O papo foi rápido, mas me fez recordar uma ocasião em que estava em dúvida sobre se deveria ou não aceitar um emprego novo. O emprego de tão bom, me dava medo.
Na época, vivia repetindo confesso que com certa arrogância: “Nada melhor do que um bom emprego para fazer a gente se acomodar”.
Até que certa noite, eu estava morgando em frente à TV, sozinha na sala, quando parei em um filme, que estava passando na Cultura.
Era sobre um casal de idosos, muito feliz e independente em sua casa, até que o senhor levou um tremendo tombo e machucou gravemente as pernas. Quando ele acordou no hospital, ficou sabendo que a mulher havia sido internada com alzheimer.
Sem poder se virar sozinho, ele foi morar na casa do filho. A nora transformou a sala de jantar em quarto e tudo parecia que ia dar certo.
Mas... as manias do senhor começaram a mudar o ritmo da casa. Por não ter as mãos tão firmes deixava a comida cair no chão e sujava o carpete; para que pudesse ouvir aumentava o volume da TV; e até a comida, com novos temperos, lhe dava desarranjo.
Depois de poucos meses, a família estava em pé de guerra.
Isso sem contar a falta de paciência do filho, cheio de dívidas e insegurança no trabalho, para ouvir as constantes queixas do pai que reclamava do tratamento dado à esposa, da saudade que tinha da sua antiga casa.
No final, o pai foi embora.
Quando acabou o filme, eu pensei: “Não quero terminar assim, dependendo da bondade alheia!”. A grande verdade é que somos todos sobreviventes.
Por mais bondade que exista em nossos corações, a soma de desprendimento mais amor nem sempre é fácil de ser resolvida. Quase sempre ao invés de somar, a gente subtrai.
Ambos os lados, filhos e pais, quem cuida e aquele que é cuidado.
Subtraímos e sofremos ao perceber as nossas limitações, o que muitas vezes envolve não ter o poder de decidir sobre a própria vida, fazer as suas escolhas.
Conclusão: resolvi aceitar o emprego, fazer o meu pé de meia e cuidar para que a criança que existe em mim continuasse a sorrir até o fim dos seus dias.
Ser criança é ser livre, entusiasmado, é gostar do básico, do simples, e todos podem ser assim independente da idade. Isso me faz lembrar que preciso comprar o meu presente do Dia das Crianças. Atenção: filhos e sobrinhos, EU TAMBÉM MEREÇO!
Apesar de a data ser puramente comercial, eu deixo me levar para em troca receber um sorriso iluminado, acho que vale a pena.
Com isso em mente, estava passando no caixa para pagar as comprinhas quando encontrei uma colega que não via há bastante tempo. Percebi que ela estava meio abatida, mas nada perguntei.
Afinal, não existe nada mais chato do que falar para alguém que ela está com aparência cansada, pálida e com olheiras.
Se a pessoa estiver triste, vai direto pro poço.
Na verdade não foi preciso perguntar, em uma demonstração de confiança, ela me contou que estava cuidando da mãe, que estava com mal de alzheimer e esclerose. Contou que está passando por uma situação muito difícil e que sente que as suas forças estão acabando.
A mãe quase não a reconhece. O trabalho, a preocupação e a solidão são as suas amigas inseparáveis, nos últimos dias.
Sem contar toda a carga emocional que isso envolve, ninguém está preparado para ver a sua fortaleza tremer e ameaçar desmoronar.
O papo foi rápido, mas me fez recordar uma ocasião em que estava em dúvida sobre se deveria ou não aceitar um emprego novo. O emprego de tão bom, me dava medo.
Na época, vivia repetindo confesso que com certa arrogância: “Nada melhor do que um bom emprego para fazer a gente se acomodar”.
Até que certa noite, eu estava morgando em frente à TV, sozinha na sala, quando parei em um filme, que estava passando na Cultura.
Era sobre um casal de idosos, muito feliz e independente em sua casa, até que o senhor levou um tremendo tombo e machucou gravemente as pernas. Quando ele acordou no hospital, ficou sabendo que a mulher havia sido internada com alzheimer.
Sem poder se virar sozinho, ele foi morar na casa do filho. A nora transformou a sala de jantar em quarto e tudo parecia que ia dar certo.
Mas... as manias do senhor começaram a mudar o ritmo da casa. Por não ter as mãos tão firmes deixava a comida cair no chão e sujava o carpete; para que pudesse ouvir aumentava o volume da TV; e até a comida, com novos temperos, lhe dava desarranjo.
Depois de poucos meses, a família estava em pé de guerra.
Isso sem contar a falta de paciência do filho, cheio de dívidas e insegurança no trabalho, para ouvir as constantes queixas do pai que reclamava do tratamento dado à esposa, da saudade que tinha da sua antiga casa.
No final, o pai foi embora.
Quando acabou o filme, eu pensei: “Não quero terminar assim, dependendo da bondade alheia!”. A grande verdade é que somos todos sobreviventes.
Por mais bondade que exista em nossos corações, a soma de desprendimento mais amor nem sempre é fácil de ser resolvida. Quase sempre ao invés de somar, a gente subtrai.
Ambos os lados, filhos e pais, quem cuida e aquele que é cuidado.
Subtraímos e sofremos ao perceber as nossas limitações, o que muitas vezes envolve não ter o poder de decidir sobre a própria vida, fazer as suas escolhas.
Conclusão: resolvi aceitar o emprego, fazer o meu pé de meia e cuidar para que a criança que existe em mim continuasse a sorrir até o fim dos seus dias.
Ser criança é ser livre, entusiasmado, é gostar do básico, do simples, e todos podem ser assim independente da idade. Isso me faz lembrar que preciso comprar o meu presente do Dia das Crianças. Atenção: filhos e sobrinhos, EU TAMBÉM MEREÇO!
Nenhum comentário:
Postar um comentário