Eu me sinto muito incomodada quando vejo alguns pais falando do filho como se ele não estivesse ao seu lado.
- O João vai mal nos estudos, não escova os dentes...
Isso sem contar quando não dizem algo ainda mais pessoal e íntimo.
- Ele já beijou na boca, precisa fazer uma cirurgia de fimose e, se a gente der corda, só piora.
É como se o filho fosse invisível aos olhos dos pais.
Mas, em uma escala menor, eu também já me peguei agindo com o que chamo de falta de respeito com o meu filho.
Agi de forma inconsciente, nunca tive a intenção de magoá-lo, assim como acredito que aja a maioria dos pais.
Por exemplo, uma coisa que costumava fazer era ir a um restaurante e perguntar:
- Filho, você quer beber uma coca cola?
- Não mãe, eu quero suco de laranja.
Ao invés de ver o lado positivo dessa escolha, que é muito mais saudável, por exemplo, logo pensava... que menino complicado, porque não pede logo uma coca cola; o suco vai demorar e a comida já terá acabado, além disso, é mais caro, com certeza vai querer pedir outro porque a quantidade não será suficiente, caramba!
Ou seja, eu fazia a pergunta e não esperava por uma resposta, mas por uma concordância. Quando eu não tinha isso, ficava aborrecida.
Hoje eu percebo que agia errado. Eu não enxergava o meu filho como um ser independente, mas como uma extensão de mim. E quando caiu a minha ficha?
Foi numa noite, durante a viagem que fizemos aos Estados Unidos, em que vi e ouvi quando ele ligou do quarto do hotel para a recepção pedindo, em inglês, mais um travesseiro.
Pode parecer besteira, mas eu acredito que as coisas realmente importantes acontecem nas horas que a gente menos espera.
Eu estava ali, olhando aquele ser humano e pensei: - Quando ele deixou de pertencer apenas a mim?
Se o estranho, do outro lado da linha, que não o conhecia (nem poderia), estava ouvindo-o e tratando-o com respeito, isso era apenas o mínimo que eu poderia fazer.
Dali para frente, eu não poderia continuar agindo como se dentro dele não existisse um alguém, com vontade própria, sonhos para serem sonhados, com suas preferências e excentricidades.
E foi assim que percebi que precisava respeitar mais o meu filho. Deixá-lo exercer a sua individualidade, descobrir por si mesmo se o melhor é coca cola ou suco de laranja.
Ainda bem que isso aconteceu logo no início da viagem, pois eu tive a oportunidade de conhecer nos próximos dias um ser humano incrível.
Existem lições que a gente aprende quando menos espera.
Valorizo mais as conversas que temos em casa, quando ele está no chuveiro, no portão a caminho da escola, no carro, pois percebi que essas situações conhecidas e rotineiras fazem com que a gente relaxe e fale de forma mais espontânea.
Eu acho bobagem essa história de mãe que se culpa por não ficar o dia todo com o filho; ninguém é capaz de contabilizar o tempo que cada um precisa para criar intimidade com a pessoa que ama.
Porque nem sempre estar ao lado é estar junto. Mas, ser um ouvinte generoso pode criar um resultando surpreendente.
Hoje se vamos a um restaurante, eu pergunto: - Filho, o que você quer beber?
A resposta pode ser diferente daquela que eu esperava, mas já não me aborreço.
Aprendi a respeitar e aceitar que o meu filho não é eu. Ele é ele. E ele é lindo!
Amiga é pura verdade eu com três filhotes que o diga,já fiz muito isso mas não se culpe somos mães pequeninas mortais rsrsrs
ResponderExcluirBjs da Ro.
Oi Rô, esses filhos sofrem, kkkk
ResponderExcluirSe ao menos existisse um manual da super mãe seria mais fácil, mas só aprendemos na prática, fazer o que? beijos. É bom te-la de volta!
É Dani me pego fazendo essas coisas com o meu filho.Pronto!Quando me dou conta já falei!Fazer o que?
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