Abri a porta de casa olhei tudo com olhos de primeira vez.
- Ah...que saudades de vocês!, eu disse daquele jeito espontâneo, que somente os tolos, como eu, conseguem ter.
- Culpa do fuso horário, quem manda ficar 24 horas sem dormir?, tentei me desculpar.
- Como se sofá, almofadas, vasos e retratos falassem..., continuei sem graça.
Mas, quem estava ao meu lado sabia que, no fundo, estava mesmo matando a saudade das minhas coisinhas fofas.
Com ansiedade passei a caminhar pela sala, cozinha, abri as portas e as janelas. Olhei a geladeira: vazia.
Por um segundo senti uma pontinha de culpa, por ter esquecido como tudo em minha casa era tão bom para mim. E assim a minha presença foi aos poucos preenchendo o silêncio.
Eu fui até o jardim.
– Não lembrava que era tão bonito! As flores cresceram, parece até que ficaram melhores sem eu por perto. Pensei um pouco enciumada.
Depois em voz alta, como para ter certeza de que estava mesmo ali, repeti alto:
- Galerinha, eu estou de volta!
Subi as escadas, entrei no meu quarto, olhei os livros e a televisão antiga.
- Em nenhum outro lugar poderia encontrar coisas mais queridas, pensei em silêncio.
Afastei a colcha da cama, me abracei ao colchão e, embora cansada demais, não queria me despedir da sensação única que é estar em casa!
E no aconchego da minha cama, passei a sonhar de olhos abertos.
A mente foi devagar até o dia da partida, naquela noite no aeroporto, em que fingia que estava tudo bem quando morria de medo da viagem de avião.
Só conseguia me lembrar dos sentimentos que foram despertados em mim.
Eu lembrei o som das risadas durante a viagem de carro, do sabor das guloseimas que havia experimentado, das cores das cidades e do frio no meu rosto.
Será que todos estão do jeito que eu deixei? Ou será que tudo parece mais real agora que estou tão longe?
Para saber disso, preciso voltar! Um dia, quando já estiver esquecido do medo que sinto de viajar de avião, eu volto.
- A felicidade é um imã poderoso, pensei.
Nesse momento, por exemplo, estou presa com todas as minhas forças a minha casa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário