O nosso tour pelo mundo das artes continua e dessa vez
atracamos o navio no litoral da África Ocidental.
Mas, que movimento é esse?
Centenas e centenas de negros
estão sendo transportados para navios portugueses.
É início do século 16 e o
comércio escravagista com Portugal está a todo vapor.
Além de africanos, os portugueses levam para os navios
algumas peças muito delicadas feitas em mármore, por artesãos habilidosos de
Serra Leoa, Benin e o Reino do Congo. Todos parecem encantados.
Saleiro - Nos
séculos XV e XVI, inúmeras peças manufaturadas em marfim chegaram a Lisboa,
primeiro da Serra Leoa e depois do Benim. Este tipo de peças despertou o interesse
de uma clientela européia ávida em possuir objetos raros. O saleiro de marfim do Benim destaca-se como
um dos primeiros testemunhos artísticos dessas encomendas, e nele se revela o
encontro de culturas proporcionado pelos portugueses no período dos
Descobrimentos.
E, por curiosidade, meus olhos deitam sobre essas peças e
vejo que, além de belas, são recipientes úteis, como saleiros, potes para
pimentas, berrantes, cornetas, colheres e garfos.
O colorido das roupas chama a minha atenção e depois fico
sabendo que são tecidos feitos de fibra de ráfia do Congo, muito admirados na
Europa.
Também percebo alguns objetivos mais estranhos, como um
cachorro de duas cabeças.
– É um nkisi na forma de kogo (cão), um talismã de madeira,
as duas cabeças permitem ver tanto esse mundo quanto o mundo dos mortos,
explicou o meu colega.
Eu também estranho alguns homens mascarados e logo me
acalmam dizendo que é um costume do país usar máscaras em cerimônias para
homenagear os ancestrais, dessa forma ajuda a distanciar o ator, quase sempre
homem, do seu personagem.
Além disso, em alguns espetáculos as máscaras incorporam a
energia associada aos espíritos invisíveis da floresta, do mar ou dos animais
selvagens. Em outros, escondem uma força perigosa, com poder de curar ou
prejudicar, que nunca pode ser vista por pessoas comuns.
O impacto é dramático e permaneço no meu lugar olhando
aquele colorido de gente e tecidos como se estivesse hipnotizada.
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