Eu pequei.
Mas, foi por uma justa causa: uma fatia de bolo de laranja
da minha mãe recém saído do forno. O aroma, a textura macia e o sabor são uma
perdição e eu não resisti.
Eu tenho resistido a
muita coisa: carne, arroz, vinhos, cerveja, massa, pão branco, refrigerante, pipoca
e queijos, mas o bolo de laranja dominou os meus sentidos.
Vencida por uma fatia de bolo, af!
Para compensar, eu fiz uma caminhada mais longa no sábado,
do bairro São Francisco até o Porto Grande, primeiro pela praia e depois pela
rodovia.
Enquanto caminhava pensei no quanto somos privilegiados por
morar em uma cidade tão bonita. Eu gostei especialmente de andar pela praia do
Pontal da Cruz porque pude relembrar a minha infância.
Essa praia era uma das mais animadas da cidade, com pessoas
tomando sol, crianças fazendo castelos de areia ou brincando na pedra da Cruz.
Ali, quando a maré estava alta e se formavam piscinas naturais,
eu e minhas amigas adorávamos imaginar que éramos sereias perdidas a espera de
um príncipe. Quase sempre aparecia algum garoto atentado para atrapalhar o
nosso sonho.
Outras vezes passávamos horas acompanhando os passos dos
siris para descobrir aonde eram suas casas e, no final da tarde, nós nos reuníamos
para comer ostras. Sim, a praia era limpa naquela época e, com isso, era
possível comer as ostras que ficavam presas na pedra da Cruz.
Estou falando de fatos que ocorreram há 30 anos. O tempo que
passou para mim foi ainda mais cruel com a praia da minha infância.
No sábado, ela estava vazia. A vegetação está tomando conta
da areia branca e a água já não é atraente como no passado. A pedra continua
lá, no mesmo lugar, mas parece que agora faz parte de um cenário triste.
Talvez se eu não conhecesse o passado do lugar, tivesse uma
visão mais romântica. Como tristeza dá ansiedade e depressão e tudo isso dá
fome, vamos mudar de assunto?
Aliás, preciso contar que eu provei uma bebida dos deuses no café Ponto das Letras, em Ilhabela, que só faltou me deixar loira porque o resto ele faz tudo.
Trata-se de um chá indiano, que leva chá preto, chá verde,
masala, leite, cardamomo, gengibre, mel e canela e promete melhorar a
circulação, descongestionar, energizar, emagrecer e é afrodisíaco. E adivinhe: é uma delícia.
Se eu não tivesse de dieta jamais teria provado o chá e
teria perdido de conhecer essa explosão de sabores. Eu bebi quente, mas a
atendente me contou que gelado é ainda mais gostoso. Quem quiser experimentar,
depois me conta.
Claro, que a minha aventura gastronômica pelo mundo dos
produtos saudáveis não tem sido apenas de alegria. O ‘inhame’, por exemplo, foi
uma das comidas mais estranhas que já provei na vida. Só de pensar já sinto uma
gosma grudenta e sem sabor na minha boca. Eca!
O que aprendi no final de semana? Que a felicidade consiste
em saber equilibrar os pratos.
Eu comi o bolo de laranja, mas por outro lado fiz uma
caminhada mais longa.
Eu bebi um delicioso chá, mas troquei o churrasco por inhame.
Pensando bem, depois de tudo ainda saí no lucro porque revivi
a minha infância. Quem diria que a dieta me levaria tão longe...
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