Hoje acordei com uma sensação estranha, como se eu tivesse
esquecido alguma coisa e não desse mais tempo para consertar o erro. Levantei da cama de um pulo, corri para começar a me arrumar
e de repente parei. Aonde mesmo que eu tinha que ir?
Era cedo demais para qualquer coisa, com o coração aos
poucos voltando para o ritmo normal, retornei para cama e passei a refletir
sobre aquele descompasso.
Será que isso só acontece comigo?
Há pouco tempo conversando com uma amiga muito querida, me
surpreendi ao saber que ela estava tomando remédios para conter a ansiedade.
Ela que sempre me pareceu tão calma, forte e segura de si.
Claro, que guardei a surpresa para mim, mas não resisti à pergunta: Qual a razão de tanta ansiedade?Ela passou a contar que sempre fora uma pessoa altamente
positiva até que as coisas mais improváveis passaram a acontecer. Era como se o otimismo pela vida se transformasse em uma
espécie de cegueira particular. E
Ela sentiu como se tivesse perdendo a razão ao
tentar ver o mundo cor de rosa.
Então, passou a fazer o contrário. Hoje ela sente que tudo
pode e vai acontecer uma hora ou outra e isso eleva a mil o seu grau de
ansiedade. Estará preparada para quando esse dia chegar? Que dia será?
Hoje? O que vai acontecer? Como deve agir para não decepcionar?
Decepcionar. Essa também é uma das suas maiores
preocupações.
E não é que poucos dias depois dessa nossa conversa eu assistia
a um programa na TV sobre pais super protetores e de repente me deparei com o
mesmo problema: filhos altamente ansiosos por medo de decepcionar os pais.
“Os pais querem que seus filhos sintam-se especiais e depois
eles temem não corresponder a essa expectativa, vivem ansiosos e muitos caem na
depressão. O modelo de pais super protetor não está criando filhos mais
felizes, está?” , questionava a psicóloga.
Ser otimista e amar demais estão fazendo as pessoas
adoecerem? Talvez o problema esteja na palavra “demais”, talvez a gente esteja apenas
precisando simplificar as coisas.
Essa manhã eu lembrei
quando era menina e adorava brincar com as loucinhas de barro que a minha avó
Zenita trazia de Santa Catarina.
Eu preparava as comidinhas com os matinhos do jardim e
depois arrumava a mesa, que considera um grande banquete. Tudo simples, mas aos
meus olhos era o auge da realização.
Água no bule, flores na mesa, matinhos no prato e muito
tempo para criar histórias de fadas, aventuras e romances. O simples às vezes é o mais difícil.
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