Com a chegada do motor a vapor e a construção das ferrovias,
muitos artistas viajaram até a Turquia, Marrocos, Egito e a Península ibérica,
no século 19, dando início a um estilo de arte que ficou conhecido como
Orientalismo.
Mas, porque o Oriente? O interesse por essa região foi em
parte estimulado pela invasão do Egito por Napoleão Bonaparte, em 1798.
As obras se caracterizam por um estilo realista e pela
precisão das imagens, que retratam os lugares e costumes desse povo.
Um dos artistas que fizeram sucesso nesse período foi Jean-
Auguste Dominique Ingres, que pintou “O banho turco”, onde mostra diversas
mulheres nuas, em posições sedutoras e voluptuosas.
A forma circular do
quadro é para passar a impressão de que as mulheres estão sendo observadas pelo
buraco da fechadura. Já naquele tempo existia o voyeurismo.
O interessante é que Ingres nunca chegou nem perto do
Oriente. Aliás, isso era comum, muitos criavam suas obras baseados em conceitos
pré- concebidos que tinham sobre o Oriente.
E como estamos falando sobre o Oriente, eu vou puxar
sardinha para o meu lado e dar um enfoque especial ao Japão.
Eu vou falar especialmente do fim período em que, por
pressão da Grã- Bretanha e dos Estados Unidos, o Japão começa a se abrir para o
mundo exterior, marcando o fim do xogunato.
Nesse período vieram a público as gravuras de paisagens de
Hokusai e Hiroshige, o “Circuito da cachoeira” é um exemplo típico. A cena
mostra a cavidade redonda da cachoeira, que lembra a cabeça de Amida – O Buda
da Luz Infinita.
Na gravura há predomínio da cor azul feito com corante anil sintético,
importado do ocidente no início século 19 e que, em pouco tempo, substituiu a cor
feita à base de plantas.
Como pode ver, não demorou muito para o Japão se adaptar aos
costumes ocidentais.
Por outro lado, os europeus também não resistiram aos encantos
desse país e passaram a colecionar com avidez a arte japonesa, como estampas
ukiyoe, bronzes, cerâmicas, trabalhos laqueados, esmaltados e têxteis.
O entusiasmo pelos produtos japoneses foi tanto que fez
surgir um estilo conhecido como “japonismo”.
Uma das mais famosas imagens da arte japonesa no Ocidente,
feitas em xilogravuras, é “A grande onda de Kanagawa”, criada por Hokusai, em
sua série “Trinta e seis vistas do Monte Fuji”.
No quadro, a onda parece ter vida própria e prestes a
esmagar os barcos. A espuma se assemelha a garras. A ferocidade da onda
contrasta com a serenidade do Monte Fugi ao fundo.
Será um tsunami?
Uma curiosidade é que ao longo da carreira esse artista usou
mais de 30 nomes diferentes para assinar os seus quadros.
Passado o período de euforia, muitos artistas continuaram se
inspirando nesse estilo, entre eles Claude Monet, que exibiu “A Japonesa”
(Camille Monet vestida em trajes japoneses) na segunda exposição impressionista
em Paris.
O pintor Vicent van Gogh também se inspirou nesse estilo ao
fazer o quadro “Amendoeira em flor”, conforme confidenciou à família.
A arte japonesa encanta ainda hoje pela suavidade e delicadeza
dos traços.
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