A arte é um ciclo, como as estações do ano e varia de acordo
com o humor da sua época.
Veja só saímos da intensidade extrema do barroco, com seus
jogos de luzes e sombras, fomos para a superficialidade do rococó, voltamos a
razão com o espírito neoclássico e agora o romantismo.
O romantismo surgiu, em parte, como uma reação dos
pensadores iluministas do século 18, que haviam buscado uma ordem racional que
substituísse as superstições, as crenças religiosas.
A não concretização desse mundo melhor e a persistência do
caos e das guerras ajudaram a fomentar o romantismo. A razão cedeu lugar à emoção.
O período que marcou o romantismo está longe de ser
pacífico. Só para ter uma ideia, foi nessa época que aconteceu a Revolução
Americana, Revolução Francesa e o início da Revolução Industrial.
Eu acho que esse romance está mais para uma paixão ardente e
avassaladora, você não acha?
Ele marca o tempo em que os artistas puderam ousar, imaginar
e criar sem amarras. Livres dos dogmas da igreja e do medo imposto pela
aristocracia. Agora é a vez do povo nas ruas, de bandeiras erguidas, de
soltar a voz e gritar: Liberdade!
Essa foi época dos exageros. Com muitas guerras e sangue
escorrendo pelas ruas.
O movimento romântico enfatizava a exasperação das emoções,
a turbulência da psicologia humana e a força da natureza.
O meu quadro favorito desse período é “A Liberdade guiando o
povo”, de Eugéne Delacroix. Eu tive a oportunidade de vê-lo bem de perto no
Museu do Louvre, impressiona pelo tamanho da obra e por todos os detalhes. Delacroix era perito em aplicar certos tons ao lado de
outros e repetir cores em diferentes lugares para ressaltar uma mensagem ou
estado de espírito.
Repare como as cores do céu captam o caos da guerra urbana
Também como uma obra marcante é o quadro de Francisco de
Goya, “Três de maio de 1808”, que mostra um acontecimento real e histórico – um
pelotão de fuzilamento executando gente comum em Madri como punição pelo ato de
rebeldes espanhóis contra a ocupação francesa.
Chama a atenção o rio de sangue que mancha o chão ao lado
das vítimas e também a luz branca que destaca um único homem. Bem de perto dá
para ver que nas mãos dele tem o estigma de Cristo, com o objetivo de destacar
o seu papel de mártir.
Depois de ver essas imagens, você vai pensar diferente
quando ouvir a palavra romantismo. Ou não?
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