Quando percebi, andávamos juntas na mesma direção. Eu e a
pequena gaivota branca.
Ela estava na minha frente, mas parecia ter olhos nas
costas e pressentir os meus passos.
Não foi nada combinado. É um daqueles encontros, que se
torna especial justamente porque aconteceu por simples obra do acaso.
Ela já devia estar ali quando eu cheguei.
Sinceramente, não percebi a sua presença. Estava
envolvida por tanto mar, areia e sol...
Mas, não demorou muito para perceber que a minha solidão
estava acompanhada. Em alguns momentos, a gaivota parava, olhava para o mar e
seguia com os seus passos lentos.
O tamanho pequeno e a cor branca das suas penas davam a ela
um ar tão frágil..., pensei que talvez estivesse esperando alguém, pelo modo
como olhava o mar.
Ela parecia me deixar aproximar e, quando isso estava
prestes a acontecer, fazia um pequeno voo.
- Nem tão longe, nem tão perto. Seria essa a mensagem?
Aos poucos, entre os passos, a pequena pausa para olhar o
mar e o voo, nós duas criamos uma sintonia.
Para não estragar o momento, decidi não me aproximar
demais.
- Ela está com medo, é tão frágil diante de mim, cheguei a
pensar.
De repente, ela deu meia volta. Passou bem pertinho de mim e
voltou pelo mesmo caminho por onde nós duas tínhamos caminhado.
Essa decisão inesperada e a pouca distância que por
instantes ficou entre nós me surpreenderam.
Eu percebi que a pequena gaivota não mantinha distância por
medo. Ela só queria seguir sozinha.
Cada vez que parava, olhava para o mar - ela na verdade
queria conferir se eu ainda estava lá.
E vendo que eu não entendia a sua agonia, a sua necessidade
de ficar sozinha, deu meia volta e partiu. Simples.
Algumas atitudes confundem, mas o tempo revela e coloca tudo
em seu lugar.
- Quem é mais frágil agora. eu ou a gaivota? Com esse
pensamento, segui o meu caminho.
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