É óbvio que ali não é o seu lugar, mas, então, aonde seria?
Eu olho ao redor, tento imaginar de qual árvore nasceu
esse galho, mas isso é em vão. Em nenhuma delas, ele se encaixa, nem
remotamente.
É diferente ou será que a solidão o tornou diferente? Como
posso saber?
Aliás, quem pode conhecer as dores de um coração solitário a
não ser o próprio dono?
Será que esse galho está aí há muito tempo ou foi trazido pela
chuva?
Será que ele esperava viver essa aventura pelo mar?
Eu tento imaginar um galho rebelde que não tem medo de
quebrar paradigmas e viajar pelo mar em busca de uma terra distante e
desconhecida.
Então, na primeira rajada de vento, ele se joga, livre e sem
medo. E vai rolando na areia fofa até sentir o toque da água do mar. A viagem é
longa e emocionante.
Olhando para ele, não parece tão animado. Talvez tivesse
recuperando o fôlego depois do voo e do mergulho que o levou a conhecer os seus
maiores medos, mas também sua maior vitória.
Afinal, de alguma forma, ele sobreviveu para que eu o
encontrasse. Espero que seja isso.
Mas, não posso evitar uma ideia pessimista. Será que o galho
a minha frente foi arrastado contra a vontade dele, sucumbiu pelas condições do
tempo?
Ontem, a chuva arrastou tantas coisas. Levou embora conchas
e pedras, pode ter trazido esse galho. Uma troca, uma forma de compensar perdas
e ganhos.
Nesse momento, o galho está bem próximo ao mar, de onde
consegue avistar os barcos de pesca. Ele pode estar pensando: como poderei
viver assim tão só?
Um belo cenário não torna a solidão menor do que ela é.
Tenho lido suas crônicas e acho que vc deveria pensar na possibilidade de publicá-las, um dia. Vc tem talento!
ResponderExcluirBeijos! Lu