A ideia de viver um amor impossível é bastante romântica
(Quem não chorou ao assistir os filmes Romeu e Julieta? Love Story? E o que
dizer, de Casablanca?), por outro lado é sempre a causa de muita dor. Mesmo
sabendo disso, muitas pessoas adoram viver situações dramáticas, no melhor
estilo “atração fatal”, continuam dispostas a tudo e até a morrer por amor.
Porque isso acontece? O Life Coach e Master em PNL (Programação
Neurolinguística), Giobert Mendes Gonçalves Jr, explica que o relacionamento
mais importante que uma pessoa pode ter é com ela mesma. Mas, será que uma
pessoa que está perdida em um amor doentio consegue ter essa lucidez? Para responder
essa e outras perguntas, Giobert vai ministrar um workshop sobre relacionamento
“Amores Possíveis”, dia 28 de setembro, das 9h00 às 18h00, Rua Caraguatatuba,
260 – centro, de São Sebastião. É um programa imperdível para quem está
sozinho, tem dificuldade de se relacionar ou está em uma relação e quer
melhorar. Em entrevista ao Blog Encantes, o meu querido amigo, responde algumas
perguntas sobre esse assunto. Quem quiser entrar em contato com ele (não vai se
arrepender!), seguem os telefones de contato: 3892-3909 (clínica) ou
9-9778-2825.
1- O que é
um amor possível?
Quando falo de amor possível quero dizer tornar possível uma
relação. Não existe receita para o amor porque amar é um constante exercitar.
Com certeza, o primeiro passo para possibilitar o amor é ser honesto consigo
mesmo. É preciso traçar um fio condutor em relação a quem se é e ao que se quer
e se preparar paras as transformações necessárias. Não possibilita você querer
uma coisa e não ser o que corresponde a isso. Por exemplo, querer um amor bem
humorado e ser uma pessoa que está sempre reclamando. Então, amor possível é
aquele que corresponde ao que eu sou, reflete essa imagem. Toda relação é um
espelho da nossa relação interna e do que aprendemos com a relação dos nossos
pais. Se aprendemos algo que não nos possibilita, podemos aprender algo que nos
possibilita.
2- Por causa
da sua profissão, você escuta muitas histórias de amor e desamor. Existe algum
segredo para amar e não sofrer?
Não, apenas é possível criar recursos que auxiliam a lidar
com o sofrimento e quanto mais recursos você tiver, menos vai sofrer! É preciso
enxergar a relação como ela verdadeiramente é. O amor começa com o anseio de
que o outro possua características que me faça feliz ou me complete. Se eu
quero alguém que me complete, quer dizer que não sou inteiro e o mínimo que
pode acontecer é ficar na dependência do outro para ser feliz. Com certeza,
isso trará dor à medida que o outro não pode corresponder minhas expectativas.
Por outro lado, eu também vou mostrar o meu melhor e esconder minha sombra,
aquilo que não gosto em mim. Se eu não gosto de algum aspecto em mim mesmo,
deveria buscar transformar isso de alguma maneira. O processo de coaching,
usando a PNL como ferramenta, proporciona essa transformação. Outro momento é o
da adaptação, e se adaptar também dói porque requer abrir mão de partes do ego.
À medida que os parceiros vão ficando íntimos, as máscaras vão caindo e é
preciso lidar com isso também. O fim da relação também é outro aspecto do amor
onde há dor. É preciso atravessar o período de luto. Não há uma maneira
elegante de terminar uma relação e sempre haverá a parte que ainda está dependente
e sofre, se ainda dependo de alguma coisa vou ter uma crise de abstinência,
como uma droga. E aí é preciso de tempo e de terapia para ajudar a passar pelo
processo. Com certeza, para não sofrer é preciso ter uma boa relação consigo
mesmo. Dessa maneira, não há dependência do outro e você apenas busca somar em
uma relação. Se eu espero que outro me faça feliz, então eu dou o poder da
minha felicidade nas mãos do outro e me torno refém disso.
3- Eu
conheço algumas pessoas que se recusam a amar com medo de sofrer uma decepção.
O amor é algo que possa ser evitado ou apenas uma questão de tempo até
encontrar a pessoa certa?
Não há como evitar o amor e, de uma maneira simbólica,
nascemos de um ato de amor! Você encontra o amor à medida que busca a si mesmo.
Sendo completo, você não exige do outro e se possibilita para isso. Então
podemos pensar que não há uma pessoa certa, e sim uma postura certa, mas é
interessante se pensar também é que não há uma pessoa só, existem várias
pessoas que podem ser candidatas ao seu amor. Alma gêmea é coisa do passado, do
romantismo do século XVIII e XIX onde morrer de amor era um ícone. Hoje na era
da informação a busca pelo amor se torna plural. Você tem a possibilidade de
conhecer muito mais pessoas do que no século passado. Namora mais, casa mais,
se separa mais! Então aprendendo mais sobre relacionamentos e sobre nós mesmos.
Se o outro serve como um espelho para mostrar nossa imagem, então a variedade
no amor pode ser muito benéfica. Portanto não há a pessoa certa, existem possibilidades.
Isso não quer dizer que não haja pessoas que se apaixonem, casem e fiquem
juntos o resto da vida. Estamos vivendo um momento de pluralidade e essa é mais
uma opção de relacionamento. Não vamos nos enquadrar em modelos, sejamos livres
para experimentar! Lembrando a questão do amor próprio, a relação externa
sempre vai depender de como o indivíduo se relaciona internamente.
4- Porque
algumas mulheres se envolvem apenas com homens que as fazem sofrer?
Podemos usar vários modelos: mulheres que ainda se
relacionam com sua própria expectativa. Que repetem um padrão, e que
normalmente aprenderam com seus pais. Porque não permitem intimidade. Um caso
interessante é a mulher que lá no fundo, por conta de alguma estrutura
emocional, não quer estabelecer uma relação de verdade e só se relaciona com
homens comprometidos ou impossíveis. Ela sofre, mas no fundo ela garante algum
tipo de segurança. É um padrão. No caso de mulheres que são vítimas dos
parceiros, e isso é um assunto delicadíssimo, há uma estrutura onde a mulher,
mesmo racionalmente sabendo que precisa abandonar essa situação, não consegue
porque aquela dor traz algum benefício. Pode não fazer sentido achar que ter um
relacionamento brutal traz algum ganho, mas se não trouxesse a pessoa deixaria de
viver essa relação. É quase como se ela só soubesse amar dessa forma, é preciso
aprender outras formas de amar e se libertar desse padrão. A mulher que
constantemente é traída e permanece com o parceiro também sofre o mesmo
processo. E não pensem que os homens não sofrem de todos esses exemplos, pode
não haver muitas mulheres que, por exemplo, batem fisicamente em seus
parceiros, mas existem, também, outras formas de “bater”. Os homens também
sofrem, e talvez mais ainda porque culturalmente eles não foram educados para
entrar em sintonia com seus sentimentos e expectativas. As mulheres ainda
discutem muito mais a relação e seus anseios do que os homens!
5- Como
identificar que a pessoa que está ao seu lado é a pessoa certa?
Quando nos sentimos à vontade do lado dessa pessoa. Mas
vamos ampliar um pouco mais essa visão. É mais gratificante pensar que existem
coisas que me trazem possibilidades e outras que me limitam. O que estou
fazendo agora me limita ou me possibilita? Partindo desse princípio, não há pessoa
certa, e sim, uma postura certa, ou melhor ainda, possibilitadora. Claro que há
um conjunto de fatores que fazem com que uma pessoa pareça ser “a certa”: atração
física, gostos em comum, nível cultural e ou financeiro e mais uma listinha que
vai se tornando bem específica de pessoa para pessoa e, que pode nos levar de
volta para a questão do tema autoestima. Mas tudo isso não é regra. No amor não
há regras. A pessoa certa é um reflexo do que você é naquele momento. Você tem
uma relação e durante o acontecer dela você vai mudando,o parceiro vai mudando,
as expectativas vão mudando, tudo vai mudando. Então, a pessoa certa é aquela
que está ao seu lado naquele momento porque ela vai funcionar como um espelho
dos seus anseios e trazer a possibilidade de crescimento e de autoconsciência.
6- Existem
pessoas que vivem apaixonadas. Seja por alguém, uma causa ou profissão. Elas
perdem o interesse conforme a poeira se acalma. Porque isso acontece?
A própria palavra já explica isso: Paixão! É como o fogo,
tem combustão rápida. O entusiasmo e a euforia quando acaba não sobra nada, só
cinza. É isso que acontece. É o famoso fogo de palha. Se durante esse momento
de paixão não se desenvolver bases consistentes, e em uma referência à
simbologia dos elementos da astrologia, não houver terra, a paixão acaba e não
sobra nenhum chão para o amor florescer.
7- É
possível saber diferenciar quando uma paixão se transforma em amor ou se na
verdade o amor se transformou em um relacionamento morno e cômodo?
Você colocou três pontos aqui: a paixão, o amor e o
companheirismo (o que é um relacionamento morno e cômodo?). Isso vai depender
muito mais da expectativa que cada um tem do que de uma pseudo regra de
relacionamento. Podemos trabalhar conscientemente para quando a paixão acabar ficar
um solo fértil para o amor florescer. Então é possível a paixão se transformar
em amor. Esse também é o caso em que o amor “acaba” por falta de paixão e vai
ficando morno e cômodo transformando-se em companheirismo. Qual a sua
expectativa? Independente de qual for, é preciso cuidar da relação para que ela
esteja sempre viva. Se você quer paixão, amor ou companheirismo reflita isso.
Seja o que você quer! Agora, no caso do amor ter acabado de fato e a relação entrar em um vazio, onde a comodidade e o conformismo tomem conta da sua vida, é preciso ser realista. Partir para outra pode ser o início de uma nova vida. É preciso coragem para avaliar tudo o que está acontecendo e tomar atitudes que serão benéficas para ambas às partes.
8- O amor
adormecido após muitos anos de relacionamento pode ser renovado? Como?
Claro que pode! Mesmo que haja camadas de mágoas por cima.
Em algumas situações é preciso buscar um profissional, caso já esteja em um
estágio muito complicado, mas na maioria das vezes, a vontade dos parceiros e
uma conversa franca sobre os anseios e desejos de cada um já podem resolver
muito. O maior problema é o silêncio e o “eu acho que ele acha que eu acho que
ele acha”. Achismo não leva a nada. Não se pode alucinar sobre as coisas, nesse
momento é preciso olhar o problema de frente, primeiro se conscientizando de
suas próprias necessidades e depois das necessidades do parceiro. A CNV
-Comunicação Não Violenta - tem técnicas de conversação focadas na solução.
Basicamente, é saber formular a pergunta para se ter a resposta certa.
Para renovar o amor, fazer gestos românticos, sair da
rotina, promover noites só para os dois e muitas outras dicas que vemos com
frequência em revistas de aconselhamento funcionam muito bem. Vale a pena
lembrar que um dia vocês se amaram e resolveram partilhar isso juntos. Que tal
lembrar como era naquela época? O que vocês faziam que não fazem mais? E não
venham com a desculpa de que eram jovens ou que não tinham filhos, o amor fica
morno porque os parceiros ficam mornos em relação à própria vida. Um casamento
tradicional tem a lua de mel que é o momento só do casal, depois vêm filhos e a
atenção do casal se amplia, nesse momento pode acontecer a primeira esfriada
porque temos coisas práticas para lidar: trabalhar, educar os filhos e a vida é
corrida. Temos que ter as surpresas e imprevisto, provocar isso. Muitas vezes
acontece dos parceiros ficarem esperando que o outro faça alguma coisa,
reclamam que eles mudaram, mas não se perguntam o que eles mesmos podem fazer
de diferente. Existem milhões de conselhos e dicas por aí de como alimentar a
relação novamente. É simples, começou a cair na monotonia, faça algo diferente,
não espere o parceiro, e seja franco se as expectativas não forem satisfeitas.
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