“... dai à mão uma caneta com pena. Os
cinco rios secos para esta irão confluir, e por ela despejar-se no mar de
papel", Arnaldo Pedroso D’Horta.
Levanta a mão quem nunca desenhou imagens
aleatórias no papel, só para deixar a mão viajar no papel enquanto os
pensamentos ganham as nuvens?Eu sempre faço isso. Talvez por gostar tanto de decoração, eu sempre começo a desenhar uma casinha e aos poucos acrescento árvore, flores e por aí vai.
E foi exatamente nisso o que pensei quando visitei o 3º piso da Estação Pinacoteca, em São Paulo, para conferir a Exposição Imagem (Gráfica).
Longe de querer comparar nossos desenhos com os de artistas consagrados, ai de nós.
Mas é que as técnicas utilizadas por eles, como a xilogravura, por exemplo, para nós leigos, dá a impressão de ser algo muito simples, que remete as lembranças da infância.
Estão expostas cerca de 140 obras, do
período entre 1647 e 2006, com ilustrações de livros e revistas a poster
psicodélico, de papel moeda e selos postais a calendários, assim como obras de
artistas como Jean-Baptiste Debret, Thomas Ender, Beatriz Milhazes e muitos
outros.
A mostra apresenta uma seleção de gravuras
realizadas nas mais diferentes técnicas, desde quando, com a disseminação do
fabrico do papel no mundo ocidental, a impressão foi utilizada para a
reprodução de imagens e textos - uma das conquistas fundamentais da Era
Moderna.
Veja as gravuras que me encantaram:
1 – Bela Lindonéia - a Gioconda dos
Subúrbios (1966)
Obra de Rubens Gerchman, um artista
plástico brasileiro, ligado a tendências vanguardistas como a pop art e
influenciado pela arte concreta e neoconcreta. O artista usou ícones de
futebol, televisão e política em suas obras. Neste quadro, utiliza a técnica de
serigrafia a cores sobre papel.
2 – O sábado, 2000
Obra da carioca Beatriz Milhazes que faz colagens com embalagens de doces transformando- as em imagens abstratas, alegres e inspiradoras. Neste quadro, utiliza a técnica de serigrafia a cores sobre papel. "Não há nada mais sedutor que um papel de bala", afirma Beatriz. Um quadro dela, de 2001, intitulado “O Mágico” alcançou preço superior a 1 milhão de dólares num leilão da Sotheby’s em Nova York – recorde para um artista brasileiro vivo.
3 – Uruk, 2006

Obra Uruk, utilizando a técnica de
fotogravura e litografia sobre papel, inspirada numa das cidades mais antigas
no sul do Iraque, da artista plástica Josely Carvalho, que trabalha com
gravura, pintura, poesia, elementos audiovisuais e fotografia. Morando em Nova
York, a artista também mantém um ateliê no Rio de Janeiro.
4 – Desejo e Sorte, de 2006
5 –
Balada do Terror, 1970
6 – Sem Título, 1972
7 – Gravura 4 – 1968,
Iberê Camargo, nesta obra utiliza a técnica
de água forte e água tinta sobre papel. Pintor, desenhista e gravador, um dos
mais importantes artistas brasileiros do século. Em princípios da década de
1960 o pintor abraçou conscientemente o não-figurativismo, do qual seria um dos
principais senão o principal representante no Brasil, e do qual não se
afastaria mesmo depois que a tendência deixou de seduzir nossos artistas.
8 – Gravura E, 1958
Arnaldo Pedroso D’Horta, nesta obra utiliza
a técnica de xilogravura sobre papel, além de artista, era crítico de arte,
ensaísta e jornalista. Tratava o desenho como uma arte de "alta
precisão", como ele mesmo escreveu: "Para devolver ao mundo os restos
da matéria que absorveu, para que essas emanações incolores se tornem legíveis,
para que sua fala sem língua se faça audível, para que sua dança recenda
perfume - dai à mão uma caneta com pena. Os cinco rios secos para esta irão
confluir, e por ela despejar-se no mar de papel".
Estação Pinacoteca - Largo General Osório,
66 - São Paulo, SP - Tel. 55 11 3335-4990
Nenhum comentário:
Postar um comentário