quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

CRÔNICA - Dilemas de uma Mulher de 40



Eu não conheço todas as mulheres de 40 anos, por isso, o que eu vou dizer é um relato bem pessoal. Quando eu completei 40 anos as minhas amigas me perguntaram como eu estava me sentindo. Algumas me parabenizaram e disseram que eu não parecia ter 40 anos, parecia ter bem menos... - Ah é, eu aparento ter quantos anos? Algumas vezes fiquei com vontade de perguntar, mas não fui em frente.  



Eu acho engraçado como as pessoas reagem quando digo a minha idade.

Na maioria das vezes tentam ser simpáticas ou solidárias como se 40 anos não fosse apenas um número, mas um fardo.

Eu não tenho nenhum problema em ter 40 anos, acho até muito elegante. Uma jovem senhora.
E, sim, eu sinto que tenho realmente essa idade.

É que, após 40 anos, o meu repertório das coisas vistas e ouvidas aumentou, assim como as dores no corpo e as rugas ao redor dos meus olhos, mas vejo muito mais do que isso.

Aí é que está a vantagem. Com todo esse repertório, eu me sinto mais segura comigo.

O duro de chegar aos 40 é a sensação de que é preciso me desfazer de algumas coisas para tornar a bagagem mais leve para o futuro.

É hora de repensar como eu quero viver até morrer. Sim, a presença da morte é outro inconveniente.

Antes dos 40, eu não levava a morte muito a sério. Depois dos 40, eu já não posso ignorá-la.  
Eu sei melhor do antes o que me faz feliz e isso facilita muito a vida.

Também sei que nem todos os meus sonhos poderão ser realizados. Isso é outra vantagem dos 40 anos.





Com 40 anos, eu já resolvi alguns dilemas que antes me deixavam ansiosa.

Hoje eu sei que não vou ser correspondente de um jornal na Europa e que não terei mais filhos. Eu sei que sempre terei celulite e estrias. Eu sei que posso fazer ginástica de vez em quando, mas nunca serei uma esportista.

Nem por isso, vou ser infeliz. Não sou. Pelo contrário. As escolhas que eu fiz, certas ou erradas, me transformaram na pessoa que eu sou aos 40 anos.

Essas dúvidas que trazem tanta ansiedade e noites insones já não me pertencem mais, no entanto, foram substituídas por outras.

Quando falo sobre isso eu sempre imagino que depois da vida não deve existir ponto final, mas um ponto de interrogação. A vida é por si uma questão.

E essas questões continuam a fazer parte da minha vida aos 40, mas hoje já não tenho pressa para responder a todas elas. Algumas eu nem mesmo sei se quero saber. O que vou fazer com tantas respostas?




É como diz a música: “Eu só quero saber o que poder dar certo. Não tenho tempo a perder...”.


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