A passagem
do tempo é sentida em muitos momentos, entre eles, está aquele em que o filho
sai de casa para estudar, trabalhar ou casar.
É o fim de
um ciclo e o início de outro. Estou neste momento da minha vida. A minha filha saiu de casa há uma semana para estudar em outra cidade, repetindo o mesmo que eu fiz quando tinha a idade dela.
Novo cenário, novos atores, papéis trocados, mas o roteiro é o mesmo.
Essa situação tem feito com que eu pense cada vez mais na minha mãe, às vezes,
melhor, muitas vezes, eu me pego imaginando como foi para ela me deixar
ir embora de casa para estudar em uma cidade grande, com tão pouca idade.
As três gerações - Minha filha Luíza, eu e a minha mãe Abigail |
Eu tento
recordar se em algum momento eu a vi chorando, mas eu acho que não. Estranho
como tenho tão poucas lembranças do dia da minha mudança.
Por
exemplo, eu não lembro se levei todas as roupas de uma vez ou se isso ocorreu aos
poucos. Pode parecer bobagem, mas hoje isso para mim é muito significativo.
Quando
ajudei a minha filha a preparar as malas, eu a aconselhei a não levar tudo.
- Para que
levar as roupas de inverno com esse calor?
Isso tem
muito de razão, mas também muito de coração de mãe que não quer encarar o
guarda roupa vazio.
Mas, se
algum dia a minha mãe sofreu por isso eu não me recordo.
Eu devia
ser muito desligada e muito egoísta, mas o fato é que eu não percebi nenhum
vacilo da parte dela.
Ela me deixou livre para viver a minha vida sem culpa por deixa-la com o
coração partido e é isso o que venho tentando fazer a alguns meses.
Eu não lembro
o dia em que saí de casa, mas lembro de tudo o que aconteceu quando abri a
porta do meu novo apartamento.
Putz, era
um lugar feinho. O prédio não tinha elevador e da janela da minha sala eu via a sala
do vizinho. Janela com janela.
O meu pai foi quem me levou até lá e a primeira
providência dele foi comprar uma cortina.
Eu acho que
ele ficou com medo de que alguém me visse pelada ou coisa assim. Kkkk. Também do jeito que eu era desligada...
Eu estava
tão eufórica para começar a morar sozinha, que fiquei até aliviada quando o meu
pai foi embora.
Depois de
muito tempo, quando eu já estava casada, ele me contou que chorou, após me deixar no
apartamento. Tadinho, eu nunca poderia imaginar naquela época que isso pudesse acontecer, isso nem passava pela minha cabeça...
Eu tinha tanta coisa para pensar, tanta vida para viver...
A mesma
pressa que eu tinha para iniciar a minha vida longe de casa, eu
vejo hoje na minha filha.
Quem sou eu
para pedir que vá com calma, cada um sabe o quão longe deseja chegar.
Ela vai longe...
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