Europa
Praga - República Checa
O apartamento era em frente a uma pracinha, em um prédio baixo e com arquitetura antiga, não tinha elevador. Por fora era antigo, mas por dentro estava reformado e era muito espaçoso, claro e bonito.
A dona do apartamento chamava-se Pavla, uma loira linda que nos recebeu de uma forma muito amável. Ela falava um pouco em inglês e nos mostrou o imóvel e explicou o mapa da cidade, dando algumas dicas sobre onde ir, onde comer, o que comprar...
Ela tinha deixado a geladeira cheia de guloseimas e comprado até as primeiras passagens do metrô. Isso se mostrou muito útil porque ainda não tínhamos trocado o euro pela coroa checa, dinheiro local, e não teríamos conseguido comprar a passagem do metrô.
No primeiro
dia, nós fomos de metrô até o centro antigo (4,00 euros/ por 24 horas). Eu
fiquei espantada ao ver como a escada do metrô é íngreme. Eu olhava para a
escada rolante ao meu lado e parecia que as pessoas estavam deitadas. Um vento
encanado absurdo de tão frio. Olha que estávamos no início da Primavera. Eu
acredito que esse lugar deve ter servido como abrigo antiaéreo, mas isso é
apenas impressão minha.
Nós
descemos na estação de metrô Staromestská e saímos bem próximos da praça
principal (Staromestscká namësti), localizada
entre a Praça Venceslau e a Ponte Carlos. Chamou logo a minha
atenção a Catedral Týn, de estilo
gótico, e a igreja de São Nicolau, em estilo barroco.
Bem no meio
desta praça fica a estátua de Jan Hus,
um reformista religioso que foi queimado vivo por suas crenças, e basta virar
uma esquina para estarmos em frente ao relógio
Astronômico, denominado Orloj,
que foi montado na parede sul da Prefeitura Municipal.
O Orloj é
composto de três componentes principais: o mostrador astronômico, representando
a posição do Sol e da Lua no céu, além de mostrar vários detalhes celestes; a
”Caminhada dos Apóstolos”, um show mecânico representado a cada troca de hora
com as figuras dos apóstolos e outras esculturas com movimento; e um
mostrador-calendário com medalhões representando os meses ou zodíacos, como
aparecem em alguns textos.
O Orloj já parou de funcionar algumas vezes e sofreu muitos danos nos últimos dias da 2ª Guerra Mundial quando os alemães apontaram o fogo da artilharia ao prédio da prefeitura. A máquina original foi consertada e o relógio voltou ao seu funcionamento normal em 1948, depois de muita pesquisa.
Existem algumas histórias sobre a construção
do relógio astronômico. Existe uma lenda que conta que o mestre – relojoeiro
construtor do relógio foi cegado para que não pudesse mais construir outro
relógio parecido com esse.
A praça
estava repleta de turistas, muitos jovens. Um lugar muito animado, com música e
shows de mágica e algumas barraquinhas com comidas típicas.
Depois de
fazer fotos em frente ao relógio, nós caminhamos pelas ruas estreitas, cercadas
por prédios antigos. É um lugar excepcional, eu me senti como se estivesse
passeando pela história. Os sons, os cheiros, as imagens de prédios tão antigos
e fabulosos. É difícil descrever tudo isso.
Sabe o que
encontrei lá também? Lugares oferecendo Thai Massagens e em um deles tinha um
aquário onde as pessoas colocavam os pés para os peixinhos comerem a pele
morta. Uiiiii.
Os tchecos
são mestres na produção de cristais, existem diversas lojas que vendem desde
bijuterias a artigos de souvenir, como lindos frascos de perfumes. Uma das
maiores lojas no centro de Praga é a do cristal Swarovski.
Enquanto eu
caminhava pelo centro histórico de Praga, vi muitas lojas de brinquedos de
madeira, decorações de natal, ovos de páscoa, objetos em cerâmica, cosméticos,
toalhas de mesa, mas o que prendeu a minha atenção foi um aroma delicioso que
veio da padaria Krusta.
Não demorou
muito pra descobrir que vinha de um famoso pão checo, chamado Staroceskétrdlo. Ele é feito
em tiras, redondinho, doce, não sei muito bem como explicar. Mas, posso
garantir que é delicioso. Uma das melhores recordações que eu tenho de Praga.
Nesta
noite, nós ainda caminhamos pela Ponte
Carlos é a ponte mais velha de Praga e atravessa o rio Moldava da Cidade Velha até a Cidade Pequena.
A ponte
está decorada por 30 estátuas situadas em ambos os lados. A maioria foi
construída em estilo barroco entre 1683 e 1714, homenageiam santos da igreja
católica e patronos venerados naquela época.
A estátua de São João Nepomuceno é a mais
popular de todas. Para atrair a sorte ou para retornar à cidade, as pessoas
tocam no relevo de bronze na base da estátua. Nós estávamos entre elas.
Ao lado da
estátua de São João Nepomuceno fica o chamado “Love Locks”, os cadeados com os nomes dos casais apaixonados, logo
em frente à estátua de Santa Ana com a
Virgem e o Menino Jesus. Muitos artistas se apresentam na ponte, ali a
segurança é reforçada.
Construída
em 1380, é decorada por estátuas magníficas, como as de São Segismundo, santo
padroeiro de Luxemburgo, e São Adalberto, santo padroeiro da Boêmia, com um
leão sentado a seus pés. É possível subir e apreciar a vista magnífica da ponte
e do Castelo de Praga, mas nós não fizemos isso.
Ao
contrário, nós procuramos um restaurante para jantar e escolhemos um que estava
no centro de uma praça, nós pedimos Sartén
a La antigua checa (em espanhol), um prato com vários tipos de carne de
porco, costela, linguiça, panceta, cerdo, entre outros, acompanhado de uma
cerveja local chamada Staropramen.
No dia
seguinte, nós acordamos cedo e fomos comprar pilhas para a máquina fotográfica
em um mercadinho próximo ao apartamento e surpresa... encontrei uma cerveja
chamada Kozel.
Pra quem
não sabe um dos meus sobrenomes é Kosel (com s), eu fiquei pensando se podia
existir algum parentesco, afinal muitos imigrantes tiveram os nomes escritos de
forma errada ao chegar no Brasil. Eu achei curioso e comprei algumas para
experimentar. É forte, mas é boa. kkk
Nesta manhã nós pegamos o metrô e descemos na estação Hradcanska para ir até o Castelo de Praga nós tivemos que fazer uma caminhada um pouco longa, mas valeu. Se não quiser caminhar, escolha de ir de trem 22.
O castelo é
considerado o maior do mundo e ali, como acontece em Londres, também é possível
assistir a Exibição da Guarda Real, que acontece todos os dias ao meio dia.
O castelo é
realmente enorme e vou tentar resumir o passeio, conto mais detalhes em outro
post. É bom saber que existem várias opções de ingressos. O ingresso que eu comprei custou 12,7 euros e
dava direito ao antigo Palácio Real, ao Museu com a História de Praga, Basílica
de São Jorge, as relíquias da Catedral de São Vito, a Golden Lane (Rua dos
Ourives), Pinacoteca do Castelo, a torre da prisão, Catedral de São Vito,
Palácio Rosenberg e a torre grande da Catedral de São Vito, ufa!
Eu não fui a todos esses lugares e, por isso, eu acho que um dia só é pouco para conhecer todo o complexo do Castelo.
O meu passeio começou pela Catedral de São Vito, que é lindíssima, ricamente decorada com vitrais. É a maior e mais importante igreja de Praga, onde aconteciam as coroações de reis e rainhas tchecos além de missas regulares.
Ela abriga as joias da Coroa Tcheca e também as tumbas de santos e antigos reis, incluindo o padroeiro São Wenceslau, São João Nepomuceno e o poderoso Rei Carlos IV (que deu nome à famosa Ponte Carlos, maior cartão postal de Praga).
Em seguida, eu fui conhecer o antigo Palácio de Praga e comecei o passeio pelo Salão Vladislav, construído no século 16. É um lugar enorme, mas a decoração é muito simples, nada comparado aos castelos da França.
Um dos lugares mais interessantes é a ala da Chancelaria Boêmia, que cenário de um dos episódios mais cruéis da história da Praga: a Defenestração de 1618, quando nobres protestantes invadiram a chancelaria e atiraram dois vice-regentes de Ferdinando II pela janela, dando início à Guerra dos 30 Anos.
Ali perto
tem a saída para um pátio de onde é possível ter uma linda vista da cidade de
Praga.
Inclusive a torre Petrin feita de aço, que alguns acham parecidas com a
Torre Eiffel. Lembra um pouco.
Dali nós
seguimos em direção a Golden Lane porque eu queria ver a casa de número 22, onde
por dois anos morou o escritor Franz Kafka, autor do livro A Metamorfose. Hoje
a casa foi transformada em uma loja de livros e souvenires inspirados nas suas
obras.
Essa rua
tem esse nome porque era o local onde moravam os antigos funcionários do
castelo. Reza a lenda que ali residiram alquimistas que buscavam, entre outras
coisas, a fórmula para transformar metais em ouro.
Mais tarde
essa rua se tornou o reduto de muitos artistas. Nela existem várias casas,
todas muito pequenas, que mostram como era a vida das pessoas que moraram ali. Na ponta da
Golden Lane está a Torre Daliborke, parte das antigas fortificações do castelo
onde se pode ver uma exposição de armaduras e armas medievais.
Na volta,
nós paramos para comprar cachorro quente e fomos sentar em uma pracinha. Ainda
passamos em frente a Basílica de São Jorge, a segunda igreja construída no
Castelo de Praga, e as capelas dedicadas
a Santa Ana e Santa Ludmila, mas não entramos.
Bairro Judeu – O bairro dos Judeu (Josefov) fica atrás da praça Staromestské Námesti (metrô Staromestská) e se você for a Praga precisa visitar esse local.
Para
entender como esse bairro se desenvolveu é preciso voltar no tempo quando a região
da Boêmia, onde está localizada a cidade de Praga, além de países como a
Polônia e a Hungria, era uma das poucas localidades do Leste Europeu onde o
povo judeu era livre.
Os mais
ricos moravam em Mala Strana e Stare Mesto (onde hoje se encontra a
cidade pequena e a cidade antiga, respectivamente) enquanto os judeus, mais
humildes, moravam em Josefov, em uma espécie de favela, sem saneamento básico.
Apesar das péssimas condições de infraestrutura, a população judaica cresceu muito e o bairro Josefov começou a não comportar tantas pessoas. Esse problema de superpopulação fica evidente durante a visita ao Cemitério Judeu.
Neste lugar, têm aproximadamente 12 mil sepulturas. É um dos cemitérios mais cheios do mundo e o maior se for considerado o número de mortos por m². As lápides estão amontoadas, algumas caídas sob as outras. Um cenário desolador.
O ticket que
compramos para conhecer o bairro englobou também a visita a Pinkas Sinagoga, um
prédio do século 15, que está localizada na entrada do Cemitério Judeu.
Neste lugar, também tem uma exposição de pinturas de crianças que foram presas em um campo de concentração em Terezín.
Ao lado do
cemitério, se encontra a Jewish
Cerimonial Hall, um prédio que foi construído principalmente para abrigar
cerimônias mortuárias, mas hoje foi transformado em um museu sobre a história
judaica.
Durante a 2ª
Guerra Mundial, os nazistas preservaram esse prédio com o objetivo de construir
ali um museu dedicado “civilização extinta”, por isso, muitos dos objetos que
estão ali são daquela época.
Já pensou
nisso? Os nazistas tinham tanta cerca da extinção dos judeus que já planejavam
um museu para contar a história. Lamentável.
O bairro judeu não é só história triste. Ali fica a rua mais luxuosa de Praga chamada Pariská, um corredor de lojas de grifes: Dior, Cartier, Gucci, Prada e por aí vai...
Para espantar a tristeza e tentar entender como uma cidade tão lindo pode ser cenário de tamanha tragédia, nós fomos caminhar e passamos em frente ao prédio da Ópera.
Seguimos em direção a Ponte Carlos.
Neste dia, nós fomos almoçar no restaurante italiano Marina Grosseto, que fica em um barco enorme atracado no rio Moldava.
O ambiente é lindo e oferece uma vista espetacular da cidade e a comida? Ulá lá, super boa!
Neste dia, nós continuamos o passeio pela cidade velha em busca de lembrancinhas para a família e fechamos a noite assistindo a um concerto na Catedral St. Clement, que naquela noite apresentava “As Quatro Estações”, de Vivaldi (15 euros).
Escrever sobre
a cidade de Praga não é uma tarefa simples e termino esse post com a sensação
de que estou esquecendo muitas histórias interessantes principalmente sobre a Catedral
de São Vito e a Ponte Carlos. Eu vou preparar posts mais específicos sobre
esses lugares.
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