Com a máquina digital e os mais diversos aplicativos de
celular, fotografar se transformou em uma obsessão a ponto de algumas pessoas deixarem
de viver o momento apenas para registrá-lo.
Antes de falar sobre a exposição, vou abrir esse parágrafo
para falar um pouco sobre o professor, o fotógrafo Zé Valpereiro. Autor de 3 livros publicados, há 25 anos ele
começou o seu caso de amor com a fotografia e, apesar das dificuldades, se
manteve fiel a essa relação que o levou do céu ao inferno.
Com passagem por diversas revistas e jornais, Estado de São Paulo,
Folha de São Paulo, Fluir, Caminhos da Terra, Próxima Viagem, Arquitetura Construção,
sem contar que as suas imagens – ele tem um acervo de mais de 50 mil imagens de
São Sebastião -, já foram publicadas até no exterior.
“Sempre me perguntam qual
é a melhor foto que eu já fiz e eu sempre respondo que é aquela que eu ainda
não fiz”, conta.
Apesar da sua história de amor com a fotografia ser antiga, o
Zé continua se apaixonando todos os dias pela sua amada profissão. Daí aceitar
o convite para ministrar um workshop não foi uma decisão difícil, pelo
contrário.
Curso – O 1º Workshop
de Fotografia teve duração de 45 dias, sempre as segundas e quartas-feiras, das
18h às 19h.
Foram ao todo 40 horas/aula, divididas entre 30 horas em
sala de aula e 10 horas de aulas práticas, quando os alunos tiveram a experiência
de fotografar no Centro Histórico, aprenderam a fazer fotos noturnas e
treinaram o olhar para identificar no dia a dia da cidade fatos que pudessem
surpreender.
O curso foi feito para iniciantes e ensinou desde como ligar
a máquina fotográfica até as técnicas mais profissionais, como fazer uma foto
noturna.
Entre as técnicas, alguns truques muito práticos e fáceis,
além de divertidos, como criar um tripé para celular com a presilha de cabelo
(piranha) que as mulheres costumam guardar nas bolsas ou criar uma lente macro
para celular com uma gota d´água.
A primeira turma que vai expor as fotos na exposição contou
com 10 alunos: Paolla Pacini, Marilene
Ramachoti, Lucas Tarora, Aline Martins, Izilda Souza Puga, Priscila Parodi,
Nair Shinoda, Denise Puertas, Lara Kerr e Fábio Fernandes.
Durante a exposição, serão mostradas duas fotos de cada
aluno, no tamanho 50 x 75, que foram selecionadas pelo professor, que usou como
critério o grau de dificuldade técnica superado pelo aluno para registrar o
momento da foto.
O 2º Workshop de Fotografia para iniciantes já vai começar
no dia 21 de junho e, acredite, tem apenas uma vaga aberta. Em agosto, haverá um curso avançado e, apesar
de ainda faltar dois meses, tem apenas duas vagas abertas.
Entrevista:
Encantes - Qual a
maior dificuldade para o fotógrafo iniciante?
Zé Valpereiro – A
maior dificuldade é ligar o “on” da máquina
e depois flui. No curso eu ensino a técnica, mas o olhar é de cada um. Posso
pedir para fotografarem a mesma imagem e cada um terá um olhar sobre ela, nenhuma
foto será igual à outra.
Encantes - O
curso ocorreu da forma que você esperava?
Zé Valepereiro -
Foi maravilhoso. Para que compreendam e assimilem com mais rapidez as técnicas
de fotografia, eu sempre cito um trabalho que eu fiz, conto sobre o momento da
foto, ressalto o grau de dificuldade devido à luz, o lugar ou mesmo a situação
e, por isso, a primeira que vi as fotos dos alunos, eu fiquei emocionado ao
perceber como aprenderam depressa os ensinamentos.
Encantes – A
máquina digital fez com que mais pessoas passagem a fotografar...
Zé Valpereiro - Com
a máquina digital, a fotografia ficou mais democrática e isso é muito bom. Os
meios de comunicação ganharam com isso e, consequentemente, toda a população.
Mas, ser fotográfico não é só saber fazer uma boa foto, mas saber usar toda a
imagem que você já viu, os ensinamentos dos livros que leu e principalmente saber
olhar com o coração para enxergar o mundo de forma diferente.
Encantes – Você ainda
se lembra da primeira imagem que fotografou?
Zé Valpereiro - Até
hoje eu ainda me lembro do primeiro clique eu fiz, foi de um avião que caiu
perto da minha casa em São Paulo. Eu fui com uma máquina chamada Rio 400, da
Kodak, a mais vagabunda que existe e me achei o cara, mas quando vi as imagens
eu fiquei frustrado ao ver como estavam distantes. Eu já passei por muitas dificuldades
para me manter nesta profissão, mas eu amo o que faço. O que me move é o amor
que sinto pela fotografia.
Encantes – A democratização
da fotografia tem exposto muitos casos de falta de ética e de respeito à
privacidade. Existe um limite que deve ser respeitado pelo fotógrafo ou não?
Zé Valpereiro - Quando
democratiza a fotografia o perigo é ultrapassar a barreira da ética, expondo
pessoas a situações desnecessárias. A violência, por exemplo, na minha opinião,
um dos motivos por estar mais escancarada é por falta de sensibilidade dos
fotógrafos, que com o tempo passam a ficar imune a certas imagens, banalizando
o sofrimento e esquecem que, por trás das fotos, existem famílias sofrendo. Na fotografia,
assim como em outras profissões, tem pessoas que não são éticas. Fotografia é
uma arma que não mata, mas acaba com a pessoa.
Encantes – Ao
analisar as fotos da exposição, você percebe alguma mudança na forma como os
seus alunos passaram a olhar o mundo através das lentes da máquina?
Zé Valpereiro - Com
o tempo, o olhar do fotógrafo fica mais crítico e sensível a paisagem e as
coisas que o rodeiam.
Serviço: Exposição do
1º workshop de fotografia Básica
Abertura: 19 de junho.
Horário: 19h às 21h
Local: Centro de Informações Turísticas, dia 19/06 será
aberta e ficará aberta ao público durante um mês.
Apoio: Invibe Filmes, Sinergia – Treinamento Empresarial e Prefeitura
de São Sebastião, que cedeu o espaço.
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