O filme “Samba”, dos cineastas franceses Olivier Nakache e Eric Toledano, os mesmos dos “Intocáveis”, pelo nome parece se tratar de uma história leve e cheia de humor, mas não é bem assim.
Pra começar
o nome “Samba” não se refere à conhecida dança brasileira e, sim, ao nome do
personagem principal Samba Cissé (Omar Sy), um imigrante senegalês que mora na
França há uma década, onde trabalha como lavador de pratos em um restaurante
até que é preso ao tentar conseguir um visto de permanência no país.
Enquanto
aguarda julgamento, Samba Cissé recebe a ajuda de duas voluntárias de uma ONG. Uma
delas é Alice (Charlotte Gainsbourg), que fica encantada por Samba e, quando
ele recebe a sentença de abandonar o país, ela resolve ajudá-lo.
O filme é divertido
e até certo ponto romântico, mas eu acredito que poderia ter aproveitado um
pouco melhor a oportunidade para dar voz às pessoas que deram adeus aos seus países, por causa de uma guerra civil
ou na busca de uma nova vida.
Durante o
filme, por exemplo, não é possível saber sobre o passado dos personagens e os
motivos deles quererem ficar na França a qualquer custo.
Ficou faltando contar essa parte da história e isso fez com que a discussão sobre imigração ilegal perdesse
profundidade, o que foi uma pena. Mais do que nunca precisamos discutir esse
tema.
No mês de
maio, você deve lembrar, a União Europeia aprovou um plano militar para combater a imigração
ilegal no Mar Mediterrâneo, com o objetivo de impedir que barcos lotados de
refugiados deixem os portos da Líbia.
Isso aconteceu um mês
antes de cerca de 700 imigrantes desaparecerem nas águas do Canal da
Sicília, após o naufrágio do pesqueiro no qual viajavam com destino à Itália. "A
pior tragédia jamais vista no Mediterrâneo", afirmou uma porta-voz da ONU.
A imigração
ilegal ocorre no mundo todo e também no Brasil. O que dizer do grande número de
haitianos que chegou ao país, após o terremoto? Só em 2015, foi registrada a entrada de mais
de 7 mil pessoas.
É óbvio que
a chegada de um grande número de pessoas seja onde for afeta a economia e
coloca em risco à infraestrutura do lugar, sendo necessário um plano
emergencial das autoridades para oferecer moradia e outros atendimentos que
garantam o mínimo de dignidade humana.
Independente
de todo o caos que isso represente, no entanto, o mais importante é preservar a vida de seres humanos. Eu
penso desta forma.
Aliás, jamais podemos esquecer que só
resistimos como raça humana porque os nossos ancestrais em diversos momentos da
história decidiram migrar de um lugar para o outro, os conhecidos êxodos,
lutando para sobreviver a guerras, pestes e aos desastres naturais.
Se a imigração
ilegal coloca em risco a economia do país, virar as
costas para seres humanos em situação de risco também não deve ser uma opção para o governo que tenha o mínimo de compaixão.
Então, como
resolver esse problema?
Não é fácil, mas deveria ser.
Seria fácil
se as autoridades deixassem de ter olhos apenas para os interesses internos dos
seus países e trabalhassem unidas pela preservação do planeta.
A imigração
ilegal deve ser encarada como um problema coletivo e as autoridades deveriam resolvê-lo
em conjunto, distribuindo responsabilidades, evitando o caos com atitudes de solidariedade. Mas, isso é o que dever ser. A realidade se mostra muito mais pessimista.
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