Paris, 1920
Os destinos
de Coco Chanel e Igor Stravinsky cruzaram-se pela primeira vez na desastrosa
estreia do balé “A sagração da primavera”.
Sete anos
mais tarde, encontraram- se novamente. A agora rica e famosa Chanel convida o
exilado e pobre Stravinsky e sua família – a esposa e quatro filhos – para passar
o verão em sua casa de campo.
O livro
mistura ficção e realidade e o autor, Chris Greenhalgh, transmite com
brilhantismo a atmosfera de tensão entre Coco e Igor e a paixão ardente que os
consumiu.
Essa é a
história de um amor que nasceu condenado, mas que ardeu até a última centelha
de fogo.
O maior compositor do século, vivendo com a modista e perfumista mais
famosa do período.
Quem teria
imaginado, naquela época? Quem acreditaria nisso agora?
O livro
começa no último dia de vida de Chanel, na manhã fria, de 10 de janeiro, quando
ela decide dar um passeio de carro pelas ruas de Paris. Era domingo, o único dia da semana em que se
permitia sair da loja.
Em frente à Igreja de Madeleine, conta o autor, ela notou que as ruas estavam
cobertas de aves mortas. Pombos, principalmente.
Assim, neste
clima meio surreal e ao mesmo tempo trágico, ela começa a recordar o seu caso
de amor Igor Stravinsky.
Um amor
nada convencional para a época e que poderia ter se transformado em um escândalo.
Coco Chanel
e Igor Stravinsky romperam com todas as convenções para viver uma paixão
avassaladora.
O livro conta
que os dois se amavam no escritório, em plena luz do dia, enquanto Catherine, a
esposa traída e doente, suspeitando do que estava ocorrendo lá embaixo, permanecia
na cama fraca demais para conseguir andar e reagir.
“Todas as tardes, por várias semanas, a rotina
se repete. O piano emudece no meio de uma frase e, quando volta a soar, meia
hora mais tarde, o faz com um pouco mais de vivacidade. O silêncio cria um
vácuo para o qual tudo é sugado”.
Cruel,
certo?
Mas, cegos
pela paixão os dois desafiavam as normas e costumes e não se importavam com o ninguém, além deles mesmo.
Como se uma força do
destino, benigna ou malévola, tivesse unido os dois.
Na época do
romance, Coco Chanel começa a trabalhar no seu primeiro e mais famoso perfume,
o Chanel nº 5. Será a primeira vez que uma modista emprestará o nome para um
perfume.
Também,
nesta época, com o patrocínio dela, Igor volta a trabalhar na música a “Sagração
da Primavera”, que ao ser novamente apresentada se torna o seu maior sucesso.
O livro
conta que um dia, durante um passeio pelo jardim da casa, Chanel diz a Igor
que a sua menstruação está atrasada e faz o coração dele gelar.
- Não está
contente com isso?, pergunta Coco.
- E você,
está?
Após a
gravidez não se confirmar, o romance entre os dois esfria.
Chanel
percebe que há pouca probabilidade de seu relacionamento com Igor desenvolver-
se. Ele tem medo de que alguém descubra que os dois tem um caso e sente-se
culpado por abandonar a esposa doente.
“- Estou preparada para acreditar que você me
ama. Mas, só isso não é suficiente. Não aguento mais ter de pisar de mansinho
como uma prostituta dentro da minha própria casa. Tenho 37 anos. Sou rica.
Mereço mais!”.
Mas, ao
invés de ficar se lamentando por não ter o homem que ama, essa mulher que a vida endureceu, talhando-
a para aceitar as perdas, decide retomar o controle.
O que ela faz?
O que nós faríamos?
Nada como
um amor para esquecer outro amor.
Mas, será que um amor verdadeiro pode ser esquecido ou fica apenas adormecido dentro da gente?
Disposta a
reconquistar a autoestima, ela convida para a sua casa de campo o grão- duque
Dmitri, um parente do czar Nicolau, arrojado e bonito. Os dois começam um caso de
amor para desespero de Igor, que observa tudo com amargura.
Nesta
época, Catherine já está melhor de saúde e decide ir embora da casa de campo
com os filhos.
Igor fica
na casa com a esperança de que Chanel volte para os seus braços. Mas, isso não acontece.
Catherine,
a esposa traída, escreve uma carta à Chanel pedindo que desista do seu marido.
“As crianças
precisam do pai. Estou morrendo aos poucos e preciso dele mais do que você
sequer conceberia precisar...”, diz.
Os dois se
separaram, mas nunca se arrependeram por terem vivido essa paixão avassaladora. Durante toda a vida, eles continuam amigos.
Em 1971, Coco
Chanel morre no dia 10 de janeiro. Uma estatueta que Igor dera a ela em 1925
descansa no criado- mudo do seu quarto. Igor morre no dia 06 de abril, em Nova
York.
Em 1989,
Karl Lagerfeld, novo empresário da moda Chanel, lança uma nova coleção para o
ano de 1990. O desfile começa ao som de “A Sagração da Primavera”, de Igor Stravinsky.
Um amor impossível nunca tem um final. Por isso, talvez, nunca deixe de ser amor...
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