A menina
estava ali em frente à trave e já sentia o cheiro do gol quando, sem intenção, derrubou a jogadora do time contrário no chão durante uma
dividida de bola.
Ao ver sua
adversária caída no chão, ela parou de jogar e ficou em dúvida sobre o que
fazer:
- Ignorar a
situação e marcar o gol.
Ou...
- Esquecer
o jogo, socorrer a garota que estava caída na quadra e ignorar os gritos alucinados da arquibancada que dizia para que marcasse o gol:
- VAI! VAI!
VAI!
A menina optou
pela segunda opção. Ela deixou a bola de lado e foi ver se
a adversária estava bem.
Isso
provocou uma reação negativa do técnico e das jogadoras do seu time e me fez
refletir sobre o tipo de geração que estamos preparando para cuidar do futuro
do nosso planeta.
Nós fomos
ensinados que o ser humano é uma espécie em evolução e para sobreviver é
preciso se adaptar ao ambiente e ser o mais forte.
Esse
conceito de sobrevivência, que surgiu a partir da Teoria da Evolução, de Charles
Darwin, é responsável por muitas das ações e reações que estão colocando em
risco à vida na terra.
Com base
nesses valores, adaptação e força, as pessoas perseguem o sucesso material e
social, que é medido pelos bens (casas, carros, joias) ou pelo número de
amigos.
Quanto mais
bens materiais e amigos, maior o sucesso e, consequentemente, a chance de
sobreviver neste mundo.
Em nome
desses valores às pessoas competem entre si para acumular mais coisas e mais
pessoas; países competem entre si para conquistar mais território e riqueza.
Mas, o que
há de errado neste mundo?
Porque ao
conseguir garantir a sobrevivência, as pessoas não conseguem ser felizes e
continuam em busca de algo para dar sentido às suas vidas?
Eu assisti
o documentário I AM, criado por Tom Shadyac, premiado diretor de filmes de
comédia como “O Mentiroso”, “O Professor Aloprado”, “O Todo-Poderoso” e “Ace
Ventura: Um Detetive Diferente”, ganhador de vários Oscars, que propõe discutir
os problemas do mundo e como podemos resolvê-los.
Tom visita
algumas das grandes mentes dos dias de hoje, incluindo escritores, poetas,
professores líderes religiosos e cientistas (Howard Zinn, Lynn McTaggart,
Desmond Tutu, Thom Harmann, Coleman Barks e outros) e dá início a várias
descobertas que colocam em dúvida alguns conceitos que fomos ensinados a
acreditar.
De acordo
com as pessoas entrevistadas para o documentário, ao contrário do que dizem, o principal
órgão do nosso corpo, responsável pelas nossas decisões, não é o cérebro e sim
o coração.
As batidas
do coração criam um campo magnético que une as pessoas através das emoções. Com
isso, a forma como eu me comporto dentro de um ambiente, afeta as outras
pessoas a minha volta.
Estamos todos
conectados. Fazemos parte da mesma rede de emoções.
Seguindo
esse conceito, entendemos que para resolver os problemas do mundo é preciso aprender
a olhar além do que é bom apenas para si mesmo e pensar no que é bom para todos
nós.
É
necessário criar a consciência de que vivemos em comunidade. O mundo é a nossa
comunidade.
O que
acontece com você refletirá em mim. Para eu ser feliz preciso que você esteja
feliz.
Se você acreditar
neste conceito, como eu acredito, é preciso parar de competir e criar uma
corrente de cooperação.
Se você aceitar,
como eu aceito, que estamos conectados, pode cooperar para um mundo melhor começando a
transmitir o amor a todos que estão ao seu redor, mesmo os desconhecidos.
Eu acredito
nisso.
Como diz o
documentário, ninguém pode acabar com a miséria no mundo sozinho, mas pode
ajudar a pessoa que está ao seu lado. Uma pessoa é um mundo.
Ao ver a
menina na quadra de futebol decidir cooperar com a sua adversária, ao invés de aproveitar
o momento para provar a sua força, eu percebi que existe esperança e o mundo
pode mudar para melhor. Podemos fazer isso.
Ela pode
não ter marcado, mas fez o GOL MAIS BONITO daquele jogo.
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