Eu adoro biografias e mais ainda quando se trata de
personagens históricos.
Confesso que sabia apenas o básico sobre a Revolução Russa
quando decidi comprar o livro que conta a história das quatro filhas do último
tsar: Olga, Tatiana, Maria e Anastássia.
Foi bastante interessante enxergar todo o desenrolar desta
revolução sangrenta de dentro do castelo, mas um pouco triste também.
Afinal, sem medo de spoiler, o final como você deve saber é
trágico.
Aliás, eu aviso que esse não é um livro feliz desde o
começo. A história é monótona, sem nenhuma grande aventura ou romance.
O mérito do livro é revelar um pouco da personalidade de
cada uma das irmãs Romanov, os seus sonhos e preferências. Também fala sobre as
aptidões e a aparência das meninas.
De acordo com o livro, Olga era romântica; Tatiana era a
mais bonita; Maria era sensível e meio estabanada e Anastássia era esperta e
brincalhona.
As quatro princesas sempre foram vistas como adoráveis e
donas de uma vida invejável, mas logo nas primeiras páginas a gente descobre
que a realidade era bem diferente.
Cada vez que nascia uma princesa, ao contrário de ser uma
boa notícia, era visto como um mau presságio.
E, durante a maior parte do tempo, elas foram ignoradas, com
todos os olhares e atenções voltadas ao irmão mais novo, Alexei, que seria o
substituto do pai no trono da Rússia.
Alexei foi uma criança muito desejada, já que até o seu
nascimento não havia um herdeiro para o trono.
Nicolau II e a imperatriz Alexandra. |
Apesar disso, poucos meses depois, descobriu-se que ele
sofria de hemofilia, uma doença hereditária que impede a coagulação normal do
sangue. Nessa época a doença não tinha tratamento e usualmente levava à morte
precoce.
Por causa da doença do filho, a imperatriz Alexandra voltou-se
a místicos e homens santos. Um desses, Grigory Rasputin, parecia ter algum
sucesso.
A revelação da condição de Alexei iria inevitavelmente
colocar novas pressões no czar e na monarquia. Mas o silêncio deixava a família
vulnerável a rumores maldosos, o que fez com que a família imperial se
afastasse ainda mais da vida social da corte.
Através dos diários das quatro princesas, a autora do livro
revela o quanto elas se sentiam entediadas e solitárias em uma vida reclusa,
como se fossem prisioneiras dentro de castelos luxuosos.
Também revela o sentimento de confiança e respeito que elas
tinham pelo místico Rasputin, com quem confidenciavam os seus segredos e
medos, inclusive sobre os namoricos.
Apesar de toda a beleza e ostentação dos castelos, iates e
das viagens pela Europa, à vida delas estava longe de ter algum glamour.
De acordo com o livro, elas não tinham amigos, não iam a
festas e nas poucas vezes que saiam sozinhas era para ir à casa da tia, onde
brincavam com os guardas que protegiam a família imperial.
Nicolau II e sua família (da esquerda para a direita): Olga, Maria, Nicolau, Alexandra, Anastásia, Alexei e Tatiana. |
Como a vida social era praticamente inexistente, o principal
foco das garotas e, portanto, do livro é a vida familiar.
A mãe, a imperatriz Alexandra, era uma mulher doente, muito
religiosa e rígida com a disciplina das filhas, mas também bastante amorosa.
Por meio dos diários e anotações escritos por elas, é
possível saber que as quatro meninas foram muito amadas pelos seus pais e o quanto
elas se preocupavam em manter em segredo a doença do irmão mais novo, Alexei.
Durante toda a infância e início da juventude, elas foram
protegidas dos boatos e da realidade das ruas de Moscou, onde o povo vivia na
maior miséria.
Isso mudou um pouco durante a 1ª Guerra Mundial, quando foram
trabalhar como enfermeiras e passaram a ter maior contato com a realidade da
população russa.
No livro existem relatos de que Olga e Tatiana chegaram a se
apaixonar por alguns oficiais, mas nada picante. Tudo super comportado, uma
pena!
No dia 17 de julho de 1918, a família real Russa foi
executada pelos bolcheviques, dando fim a era dos czares.
Infelizmente, nenhuma das quatro meninas viveu por tempo
suficiente para ter uma linda história de amor, família ou, quem sabe, mudar o
próprio destino e da Rússia.
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