Apesar dos pesares, definitivamente viver está mais fácil do
que conviver.
Para viver é preciso apenas respirar, conviver dá um trabalho
danado.
Pense em quantas vezes você já ouviu alguém falar que sonha
em morar em uma casinha branca de varanda para acordar e olhar pela janela...
Você já teve curiosidade para perguntar a essa pessoa o que
ela gostaria de ver quando abrir a tal janela?
Eu acho que o lace de quem sonha com a tal casinha branca é ter um lugar para viver em paz. Só isso.
Não tem nada a ver com o tipo de construção, por mais fofa
que essa ideia possa parecer, ou com a paisagem. São apenas boas desculpas para
uma fuga justificada.
Mesmo que para isso tenha que levar uma vida mais simples, longe do conforto da vida moderna, dos amigos e da família.
Se uma pessoa acostumada ao conforto consegue viver em um
ambiente rural..., bem isso já é outra questão. Mesmo porque entre falar, fazer e permanecer na causa tem uma longa distância.
Mas, isso não interessa agora. Eu não quero falar de coisas
práticas, como ar- condicionado, fogão a gás, televisão de tela plana.
O assunto não é a casinha branca. Se fosse isso, seria mais fácil.
A minha angústia consiste em saber que, cada vez mais, eu preciso me isolar da sociedade para conseguir me reconectar com os sentimentos bons, mesmo sabendo que eles existem dentro de mim.Eu fechei a porta do meu coração e da minha mente para muitas situações e pessoas que não me acrescentavam nada, só sugavam a minha energia. Fiz isso e não me arrependo.
O grande x da questão é que eu não tenho como me proteger
contra o que eu não conheço e a vida é uma sucessão de fatos imprevisíveis.
Quando eu quero proteger a minha pele, eu uso remédio contra
picada de mosquito, protetor solar e estou estudando comprar uma armadura de
ferro, kkkkk, brincadeira.
Para preservar a minha paz de espírito, eu faço o quê?
Há poucos dias, eu precisei viajar a trabalho e, apesar de
ser por uma boa causa, não foi nada divertido, ao contrário, passei por uma
situação improvável.
O carro era pequeno para tanta gente e o motorista estava
com um tremendo mau humor. Somado a isso, um calor insuportável.
Éramos quatro mulheres e um homem, mas ele ignorou todas as
nossas tentativas de ajuda-lo a encontrar o caminho correto.
Conclusão: Ele errou várias vezes o caminho e nós chegamos
atrasadas até o nosso destino.
Isso nos deixou muito irritadas. Não tanto pelo atraso, mas sim pelo fato de sentir que fomos ignoradas. Saímos do carro reclamando da atitude do
motorista. Todas nós.
Na volta, ele voltou a repetir a mesma atitude e novamente errou
o nosso destino. Eu não aguentei e fiz um comentário irônico da situação.
Só que eu não esperava receber em troca uma bronca do
motorista, daquele tipo bem ignorante, que não dá para argumentar.
Ele levantou a voz e disparou a falar o quanto eu estava
deixando-o irritado com as minhas críticas. Ameaçou acelerar o carro ainda mais,
o que fez com que eu me calasse.
Depois que passou o meu susto, eu virei para as minhas amigas
e perguntei: - Só eu estou irritada neste carro? E, sabe do pior, ninguém,
nenhuma delas, respondeu um ai.
Eu não sei se elas ficaram com receio do motorista se
descontrolar ainda mais, caso a discussão continuasse, ou apenas não quiseram
se envolver.
Apesar de o carro estar lotado, eu me senti muito sozinha
e constrangida.
Eu estava preparada para lidar com um motorista grosseiro,
mas não com o silêncio das minhas colegas. Foi um silêncio que esmagou o meu
coração.
Mas, tudo o que não mata serve de lição e agora terei ainda mais cautela na hora de escolher lutar por uma causa ou por alguém.
Infelizmente não existe
fronteira ou repelente para nos proteger de “gente que machuca os outros e de gente que não
sabe amar”, parafraseando o cantor e poeta Renato Russo.
Se um dia você for morar em uma casinha branca, cuidado ao abrir a janela porque poderá dar de cara com uma pessoa assim, elas estão estão em todos os lugares e se multiplicam na velocidade da luz.
Bicho papão existe.
Bicho papão existe.
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