No terceiro dia no Deserto do Atacama fizemos o tour para às
Lagunas Miscanti e Meñiques, Piedras Rojas, Salar de Talar e a Reserva Nacional
dos Flamingos. O guia da agência Latchir passou no hotel por volta das 6h30,
estava escuro quando subimos na van e durante o caminho assistimos o sol nascer
atrás das montanhas.
Esse tour dura o dia inteiro, termina por volta das 19h00, e
inclui o desayuno (café da manhã) e o almoço.
Quando chegamos às lagunas Miscanti e Meñiques, a 4.200
metros, na base da Cordilheira dos Andes, não tinha ainda nenhum grupo de
turistas, além de nós, e tivemos o privilégio de ter aquele paraíso somente
para nós.
A sensação é de que o tempo parou. A falta de vento faz com
que a água não se mexa e se transforme em um espelho, que reflete toda a
paisagem a sua volta.
O clima no Deserto do Atacama oscila demais. Naquela hora da
manhã, o termômetro registrava 2º graus. Muito frio. Mas, o lugar é belíssimo,
com paisagens de tirar o fôlego e muitos animais selvagens.
O guia nos explicou que, há milhões de anos, essa paisagem
era muito diferente. As águas provenientes da alta cordilheira escorriam
livremente frente aos vulcões Miscanti e Meñiques banhando toda a área até o
Salar de Talar.
Porém, há menos de 1 milhão de anos, uma erupção do vulcão Meñiques
interrompeu o avanço das águas, que ficaram represadas e formaram as atuais
lagunas.
Nesta área, existe uma grande variedade de fauna e flora.
Algumas espécies mais comuns e fáceis de observar são: patos, gaivotas, coelhos
e raposas. Ali também é a rota de trânsito das vicuñas, nós vimos muitas pelo
caminho.
Para preparar o nosso desayuno, o guia escolheu um lugar
protegido do vento, com vista para as lagunas. Ele mesmo arrumou a mesa, com
uma toalha colorida, que você vai encontrar em quase todos os comércios de São
Pedro, e serviu um tipo de pão redondo e grosso, típico da culinária local,
queijo e presunto, chá e café. Tudo simples e saboroso
Das lagunas altiplânicas, continuamos o circuito até chegar
a Piedras Rojas, denominada assim devido à cor avermelhada das rochas
vulcânicas que existem no local.
Esse foi um dos lugares mais lindos que eu já visitei na
vida. Senti uma grande paz. As cores vibram e contrastam, criando um cenário de
sonhos.
Muito inspirador. Amei cada minuto.
De lá fomos até o Salar de Talar, que circula a Laguna
Tuyajto, com águas de azul turquesa, celeste e branca.
O Salar de Talar possui 46 km de extensão, de superfície
branca, coberta de sal. É uma sensação estranha caminhar sobre o sal congelado.
Eu me senti na lua, ou seja, o que imagino ser a lua, kkkk.
O nosso grupo almoçou no pequeno vilarejo chamado Socaire,
cuja economia é baseada na agricultura, criação de gado e artesanatos.
Ali visitamos uma antiga igreja construída com técnica de
adobe e telhado de palha e saboreamos uma deliciosa sopa de carne e legumes.
Neste pequeno vilarejo, eu experimentei pela primeira vez a carne de lhama. É
uma carne vermelha (apesar do nosso guia dizer que era carne branca, com baixo
colesterol), que lembrou muito a carne de panela.
Nosso almoço foi poliglota. Além de nós, brasileiros, na
mesa tinha casal canadense, um rapaz inglês e três franceses. Na saída tentei
gastar o francês que eu não tenho, kkkkk. É melhor rir do que chorar!
O passeio continuou até o Salar do Atacama, onde fica a Reserva
Nacional dos flamingos. Tudo muito calmo. Os animais não se incomodaram com
nossa presença, mesmo os mais próximos. Continuaram a comer e nos ignoraram
completamente. Estava muito calor.
O caminho até a Reserva é meio chato, o carro chacoalha sem
parar pela estrada de terra. É possível ver as montanhas e dos dois lados da
pista existe somente um campo vasto coberto de sal, terra e pedras.
Quando avistei o vilarejo de Toconao, senti que estava chegando a um oásis no deserto. Durante todo passeio, foi primeira vez que vi árvores.
Apesar de a primeira impressão ter sido boa, o passeio não
empolga. Em Toconao tem uma pracinha, a igreja de São Lucas e algumas lojinhas.
Nesta noite, ao voltar a São Pedro do Atacama, nós jantamos no
Restaurante La Estaka. Provei canelone com frutos do mar e uma taça de vinho
branco. Delicioso. Foi o melhor restaurante da viagem.
O centrinho à noite é agitado. As lojas e os restaurantes
ficam abertos até mais tarde.
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