Eu fui praticamente arrastada para assistir o filme “Invocação do Mal 2”, não queria ir de jeito nenhum, mas depois de enfrentar
muita cara feia do meu marido, decidi ceder e acompanha-lo na sessão de cinema.
Quase todo mundo já deve ter passado por uma situação parecida,
não é?
Tem horas que a gente precisa ceder para não brigar ou
porque simplesmente cansa de tentar explicar os motivos quando é chover no
molhado.
Esse era o caso ali. Ou eu desistia da discussão ou desista
do passeio e a segunda opinião não é algo que eu cogitasse naquele momento.
Eu não queria assistir ao filme por
uma razão muito simples: Eu tenho medo de filme de terror e suspense.
Eu sei que para muita gente isso é uma tremenda bobagem, mas
também sei que não estou sozinha neste medo.
Existem pessoas, como eu, que não gostam de ser assustada ou
de ficar o tempo todo esperando que algo de ruim vá acontecer.
Existe até uma doença chamada Espectrofobia, que é o medo
anormal de fantasmas, monstros, demônios, filmes de terror e afins.
Eu devo ser um caso leve dessa fobia, mas enfim nunca
procurei saber.
Eu gosto de assistir a filmes para relaxar, dar risadas e
chorar (um pouco, não muito). Sou feliz sendo desse jeito.
Mas, lá estava eu. Por mais que eu tentasse não ser tão
transparente, não conseguia disfarçar o meu desconforto.
Quando chegamos à sala de cinema, encontramos a minha mãe e
a minha irmã. Ali eu vi que tinha perdido a guerra e de nada adiantaria
reclamar da escolha do filme.
Nenhuma cara feia me salvaria desse trio, rsrsrs.
O melhor
seria ficar quieta e aceitar que teria que ficar ali, gostando ou não, por pelo
menos 1 hora.
Eu sabia que estava por conta própria e só tinha uma forma
de evitar passar por aquilo, tentar não prestar atenção ao filme, mas como
fazer isso?
Não tive dúvidas, criei um espaço só pra mim, cobri a minha cabeça
com o casaco e fiquei mexendo no celular.
O trio ao meu lado até tentou fazer graça e fez, mas vendo
que eu estava determinada a ficar assim me deixou em paz.
Eu me escondi dentro do meu mundo e tentei ignorar tudo o que
eu não gosto no filme de terror, os sustos e as cenas horríveis.
Na hora eu não pensei sobre isso, mas agora ao escrever essa cena, lembrei que esconder o rosto e fingir que desapareceu é algo que fazemos quando crianças, não é?
- Cadê a mamãe? A mamãe está bem ali, mas o pano cobrindo o seu rosto a torna invisível, quem já não brincou disso com o filho, sobrinho, neto...?
Mas, não foi tão simples desaparecer dali cobrindo a cabeça com o casado e mudando o foco para o celular por causa da música. Filme de terror
tem isso, né? Conforme o perigo se aproxima, o som aumenta.
Então, sem querer entregar os pontos eu decidi prestar um pouco de atenção, mas apenas no que mais me interessava: a história.
Graças a Deus, esse filme tinha uma história.
O filme é sobre uma mãe que foi traída e abandonada pelo
marido com quatro filhos. Além de todo drama emocional, a família enfrenta uma
grande dificuldade financeira.
A casa é muito antiga e com vários problemas estruturais e a mãe fuma
sem parar dando a entender que está perdendo o controle da situação.
A filha que era mais apegada ao pai, portanto, que estava sofrendo mais passa a ser assediada
por um espírito maligno e o terror começa a fazer parte da vida da família.
Em mais uma tentativa de desviar a atenção do filme, eu
comecei a prestar atenção nas reações das pessoas ao meu redor.
Quando eu percebia que o som estava baixo e pelo tom das
vozes dos personagens que a situação estava tranquila, eu baixava o casaco e dava
uma espiadinha bem de leve.
Algumas pessoas enfrentavam os seus medos olhando bem de
frente para a tela, não desviavam a atenção e ficavam com olhos arregalados.
Pareciam preparadas para qualquer coisa que viesse a acontecer. (Ai que inveja
dessas).
Outras preferiam fazer exatamente o contrário, davam risadas
meio histéricas e ficavam conversando de forma descontrolada.
Por causa dessas últimas quase ocorreu uma briga no cinema.
Dois homens começaram a brigar e um deles quis resolver a situação no braço.
- Vamos resolver isso lá fora, disse o homem.
Eu quase perguntei para o trio se eu poderia ir também lá
pra fora. Mas, antes disso a turma do “deixa disso” conseguiu controlar a
situação.
A briga serviu para eu perder pelo menos os primeiros 30
minutos do filme, kkkk.
Mas, sem brincadeira, eu acho que não há nada mais
desrespeitoso do que ficar rindo e fazendo piada enquanto outros sentem medo.
Se não suporta passar por isso, não vá assistir ao filme,
caramba! Ou se não tiver opção, fecha os olhos e principalmente a boca fechada.
- Tá vendo como não foi tão ruim assim.
Essa frase estava aguardando por mim no final do filme e eu
já esperava por ela. É o velho ditado: Pimenta nos olhos dos outros é refresco.
Não pense que me conformei com isso. Neste final de semana, vou convidar o meu marido para assistir "O que eu era antes de você", kkkk.
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