Pertinho da cidade de Tiradentes, há cerca de 20 minutos, fica a comunidade de Bichinho, uma pequena vila de artesãos em meio à mata, que pertence ao município de Prados.
Chegar até lá é muito fácil. A estrada é tranquila e bonita,
com vistas para as montanhas.
No caminho, eu encontrei muitas lojas de artesanatos, mas o
que me deixou encantada foi conhecer alguns artistas artesãos.
Lá eu tive contato com pessoas muito talentosas e divertidas, que abriram as portas das suas oficinas e também dividiram comigo as suas histórias de vida.
Se você gosta de artesanato sabe que uma peça passa a ter um
valor afetivo quando se conhece o artista que está por trás dela é como se, a
partir deste momento, ela ganhasse uma certidão de nascimento.
Por isso, sempre que eu me apaixono por alguma obra de arte
eu quero conhecer o seu criador.
Quando isso acontece e percebo que tenho alguma afinidade
com o artista é sempre uma grande alegria para mim. A peça que já era admirada
pela sua forma passa a ter uma “alma” e a fazer parte do meu conjunto de memórias.
E foi isso o que aconteceu em Bichinho.
Logo no caminho encontrei uma família que trabalhava à beira
da estrada. Enquanto alguns quebravam as pedras, outros criavam lindas
esculturas. Todos trabalhando juntos!
Mas, esse foi apenas o começo.
Durante o meu passeio pelo vilarejo eu conheci a Lenisa, que
há 16 anos possui a Loja Bicho da Terra. Na oficina atrás da loja, ela produz
objetos de madeira de cedro como flores, frutas, oratórios de parede, quadros
com imagens do espírito santo, entre tantos outros.
O que chamou a minha atenção foi o “casal de mineiros” que
eram feitos com muito capricho e em grande diversidade de cores. Uma graça.
Ela me contou que sua primeira aventura no mundo do
artesanato foi pintando peças de gesso, mas percebeu que se identificava mais
com a madeira e não parou mais de produzir objetos com essa matéria prima.
Apesar do sorriso no rosto e de continuar a produzir com
entusiasmo, Lenisa confessou para mim que a crise econômica também tinha
deixado suas marcas em Bichinho e que esse ano, apesar de todo o seu esforço, “ficou
trocando cebolas”.
A prosa mudou e passamos a falar sobre a economia do país,
as vantagens de levar uma vida simples e morar em um lugar onde todos se
conhecem e se ajudam.
No final, nós nos abraçamos e agrademos pela vida que
levamos e que nos proporciona encontros com pessoas especiais.
Por fim, a Lenisa nos apresentou a Zezinho, um artesão muito
habilidoso e criativo, que transforma palha de milho e papel crepom em flores.
Uma técnica que ele apelidou de “origami mineiro”.
Como foi especial conhecer o ateliê de Zezinho com flores
lindas de vários formatos, tamanhos e cores.
Vendo a minha expressão de encantamento, o artesão passou a
me contar um pouco sobre a sua vida, como foi o caminho que percorreu desde que
saiu das casas dos pais para estudar Letras em Belo Horizonte até passar a
fornecer suas flores para novelas e séries da TV Globo.
É isso mesmo, Zezinho morador da pacata vila de Bichinho,
com toda a sua simplicidade e jeito quieto típico do mineiro, é um artesão muito
prestigiado.
Ele já produziu flores para minisséries como Memorial de
Maria Moura, Amazônia, JK e Hilda Furacão; as novelas Sinhá Moça e Cordel Encantado
e para o filme Chico Xavier, entre outros.
Eu queria levar todas para casa, mas me contentei com um buquê de copos de leite.
Eu queria levar todas para casa, mas me contentei com um buquê de copos de leite.
Adorei conhecer o Zezinho e sei que um dia eu volto ao ateliê dele para comprar mais flores. Sempre que eu penso na nossa converso, lembro a música que dizia: “... eu vejo flores em você”.
Que saudades do meu amigo Zezinho, e da magia de Bichinho
ResponderExcluirZezinho em Bichinho e magia e encanto. Não dá para passear por lá sem marcar um encontro. Bjuuuuu
ResponderExcluir