quinta-feira, 15 de junho de 2017

Entrevista - Por trás das lentes também bate um coração


O nome dele é João Fraga Cabral Neto, mas poucos o conhecem por esse nome.
Com apenas 35 anos, natural de São Sebastião, no Litoral Norte, o fotógrafo João Cappa ganhou reconhecimento profissional por suas fotos de casamentos.
Ele tem um jeito muito particular de registrar esses momentos importantes e as suas fotos, além de bonitas, contam uma história.
Isso se deve, é claro, ao olhar sensível do fotógrafo que está sempre mais interessado em fazer amigos do que clientes.





Nós nos encontramos quando o João aceitou o convite de minha amiga e sócia, Renata Giudice, para fazer as fotos do evento promovido pela nossa Loja Encantes.
O João se mostrou não apenas um excelente profissional, mas uma pessoa simples e muito generosa.
Ele chegou com a sua bolsa de couro, uma máquina pequena e um sorrisão no rosto. Era como se fizesse parte de tudo aquilo há muito tempo.
Eu nunca tive dúvidas de que ele era um super fotógrafo, as imagens ficaram simplesmente sensacionais.
Mas, ao vê-lo trabalhar, eu descobri outra coisa que para mim é mais importante do que isso porque é raro: o João valoriza as pessoas.
Por isso, depois do evento eu perguntei se ele topava dar uma entrevista para o Blog Encantes.
Muito tímido, ele concordou. Nós marcamos a entrevista no charmoso Café La Petite, no centro histórico da cidade. Leia.


Encantes – Qual foi o seu primeiro contato com a fotografia?
João – Eu queria ser jogador de futebol, cheguei a fazer um teste no Corinthians, quando retornei para São Sebastião o meu pai me arrumou um emprego na ótica Yamagushi. Eu tinha 18 anos, esse foi o meu primeiro emprego.

Encantes – Qual foi a sua primeira câmera?
João - Uma Nikon - 60 usada, que eu comprei na Rua Conselheiro Neves, em São Paulo.

Encantes – Qual foi o seu primeiro contato com a fotografia de casamentos?
João – Durante o tempo em que trabalhava na ótica, eu já fotografava alguns casamentos na cidade, mas não estava satisfeito. Eu comecei a pesquisar na internet descobri o trabalho da fotógrafa Rafaela Azevedo, no site Wedding Best, e fiquei apaixonado.

Encantes – O que chamou a sua atenção no trabalho dela?
João – As fotos mostravam o dia a dia dos noivos e contavam uma história. 

"Era um conceito novo para mim, onde o fotógrafo criava um relacionamento com a família". 


Encantes – De onde vem o nome Cappa?
João – Quando eu saí da loja, desfiz a sala da minha casa e montei um estúdio. Na época, eu tinha um sócio, meu amigo André Pazanezzi. O nome Cappa vem da junção dos nossos sobrenomes. A sociedade não deu certo, mas o nome ficou e somos amigos até hoje.

Encantes – Hoje você é reconhecido na sua área e muito requisitado para fotografar casamentos super chiques. Quando isso aconteceu?
João - No início, eu fotografava apenas a decoração dos casamentos, isso mudou graças a indicação da arquiteta de festas Mara Peres e do seu marido Wagner Rateiro. 

"Devo muito a eles, os dois são meus padrinhos". 



Encantes – Você lembra como foi que conseguiu o seu primeiro contrato para fotografar um casamento caro?
João – Sim. Nesta época, eu já tinha outro sócio, o Luís César, e precisávamos fazer um portfólio para mostrar o nosso trabalho. Ele teve a ideia de oferecer os nossos serviços para um casal da igreja dele, cobrou R$ 126,00 (Risos). Os noivos eram bonitos e as fotos nos abriram as portas para outros trabalhos.

Encantes – Qual é a sua maior dificuldade na hora de fotografar casamentos?
João – Hoje não é fazer fotos bonitas, mas criar um relacionamento. Às vezes precisamos ser psicólogos e lidar com situações inesperadas.



Encantes – Você já passou por alguma saia justa?
João – (Risos) Algumas. Uma vez aconteceu de o noivo ir embora antes do casamento e só voltou depois de levar uma bronca do pai. Quando essas coisas acontecem, não dá para se aproximar muito.

Encantes – E lembranças boas. Por exemplo, você se emociona nos casamentos?
João - Uma vez fui fotografar um casamento em São Paulo e não conseguia conter as lágrimas, chorei durante o depoimento das famílias e durante os votos dos noivos.


"A gente sente quando é de verdade"

Encantes – Você já pensou em fotografar outros segmentos?
João – Eu já tentei fotografar outras coisas, mas gosto de contar histórias reais para que as pessoas, daqui a 30 anos, possam olhar as imagens e se reconhecerem nelas.

Encantes – No seu tempo de profissão, qual a situação mais difícil que você enfrentou?
João – Há alguns anos, ladrões entraram na minha casa e roubaram os meus equipamentos. Foi um prejuízo de mais de R$ 100 mil. Mas, o pior é que levaram as fotos de 4 casamentos, que ainda não tinham sido reveladas. Eu sempre digo que foi quando eu virei homem de verdade porque explicar para as noivas que eu não tinha essas fotos foi  uma das coisas mais difíceis.



Encantes – Você aprendeu alguma lição após esse episódio?
João – Antes do assalto, eu tinha muitos equipamentos, mas depois percebi que não precisava de tudo aquilo. Hoje, levo apenas uma bolsa de couro com uma máquina pequena e de boa qualidade.

Encantes – Você tem algum sonho profissional?
João – Não é ficar rico, gostaria de ser reconhecido pelo que eu sou e não apenas pela qualidade das minhas fotos. Eu sempre me preocupo em fazer amigos e não apenas cliente. 
"Quero que as pessoas saibam que eu me importo com elas, que não estou ali apenas pelo contrato".



Encantes – Eu tenho uma curiosidade. Como foi o seu casamento?
João – Eu me casei aos 25 anos no cartório e não tivemos uma festa. A minha filha diz que quer ver os pais de noivos. Eu sonho com um casamento que seja mais simples possível, pode ser no campo apenas com um altarzinho.

Encantes – E no dia que isso acontecer, quem você vai convidar para fotografar o seu casamento?
João – (Risos) Isso vai causar uma ciumeira. Se eu me casar o fotógrafo será o Fer César. Ele é o cara!

Quando a entrevista terminou, nós ficamos um bom tempo olhando os álbuns de casamentos que o João trouxe para nos mostrar. Confesso que fiquei com vontade de casar novamente, com o mesmo marido, só para ter um registro daqueles. É realmente um sonho.


Quando estávamos nos despedindo, eu ainda perguntei para o João se tinha gostado da nossa conversa.

- Eu estava muito nervoso, mas agora estou mais tranquilo.

Espero que o João se acostume logo a ser o centro das atenções porque com o seu talento e carisma, eu tenho certeza que ainda dará muitas entrevistas por aí.
Eu ficarei na torcida porque o mundo precisa saber que aqui, no LN de São Paulo, na pequena cidade de São Sebastião, existe esse fotógrafo talentoso, que acima de tudo é gente boa pra caramba!

Obrigada, João Cappa.




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