Por Isabel Galvanese
O avô pondera em não dar o álbum da copa para o Chico. Viviam com simplicidade e colecionar figurinhas não caberia no bolso de ninguém. Mas ter 10 anos, em ano de copa, e não fazer o álbum seria um trauma muito grande para seu neto, goleiro do time do bairro. Compra no impulso o álbum e dois saquinhos.
Foi a decisão mais arriscada e acertada. Chico vibra, pula tão alto e beija seu avô com um sorriso escancarado. Sentam os dois na mesa da sala e com aquela luz fraca, quase na penumbra , abrem os poucos pacotes.
- Tem que colar reto! Procure o número.
- Vô , que sorte a nossa , já começar com um jogador do Brasil!
O tempo para, as páginas viram para lá e para cá muitas vezes.
- Precisamos arrumar um jeito de conseguir moedas para comprar mais pacotinhos. Chico você pode tentar.
Ele se empenha. Cata acerola para Dona Isabel, lava o carro do vizinho da casa azul e carrega as compras para seus tios que moram na rua de baixo. Ele é muito simpático e assim ganha uns trocados.
Algumas figurinhas, ou melhor a maioria, conseguia na escola mesmo. Jogava bafo todo suado depois do futebol no recreio. Seu álbum era como o de todos seus amigos- amassado, com folhas caindo e figurinhas coladas tortas- um sobrevivente! Só as do time da Argentina que ele capricha e cola direitinho de cabeça para baixo. Ri muito nessa hora.
Começam os jogos e Chico nem está na metade do álbum, mas sabe o nome dos jogadores, dos países, começa a se interessar pelo mapa do mundo. Descobre que seu país fica na América do Sul.
Torce para o Brasil, mas gosta de pensar que seu pai, que ele nunca conheceu, é um jogador de futebol. Se imagina filho do Messi, do Marcelo, ou de algum jogador de país distante. Sonha em visitar o Qatar.
A copa acaba, o álbum fica de lado e o Chico cresce. Tudo muda. Mas a cada ano de copa do mundo vem na sua lembrança seus 10 anos, a mesa da sala e os olhos marejados de seu avô.
- Tem que colar reto! Procure o número.
- Vô , que sorte a nossa , já começar com um jogador do Brasil!
O tempo para, as páginas viram para lá e para cá muitas vezes.
- Precisamos arrumar um jeito de conseguir moedas para comprar mais pacotinhos. Chico você pode tentar.
Ele se empenha. Cata acerola para Dona Isabel, lava o carro do vizinho da casa azul e carrega as compras para seus tios que moram na rua de baixo. Ele é muito simpático e assim ganha uns trocados.
Algumas figurinhas, ou melhor a maioria, conseguia na escola mesmo. Jogava bafo todo suado depois do futebol no recreio. Seu álbum era como o de todos seus amigos- amassado, com folhas caindo e figurinhas coladas tortas- um sobrevivente! Só as do time da Argentina que ele capricha e cola direitinho de cabeça para baixo. Ri muito nessa hora.
Começam os jogos e Chico nem está na metade do álbum, mas sabe o nome dos jogadores, dos países, começa a se interessar pelo mapa do mundo. Descobre que seu país fica na América do Sul.
Torce para o Brasil, mas gosta de pensar que seu pai, que ele nunca conheceu, é um jogador de futebol. Se imagina filho do Messi, do Marcelo, ou de algum jogador de país distante. Sonha em visitar o Qatar.
A copa acaba, o álbum fica de lado e o Chico cresce. Tudo muda. Mas a cada ano de copa do mundo vem na sua lembrança seus 10 anos, a mesa da sala e os olhos marejados de seu avô.
Nenhum comentário:
Postar um comentário