A Fundação Casa de Rui Barbosa está localizada no bairro de Botafogo, Rio de janeiro, um lugar para apaixonados por livros e por história.
Ela foi criada com o objetivo de preservar a memória do político, diplomata, advogado e jurista brasileiro, que também era conhecido como o “Águia de Haia”.
Rui Barbosa ganhou esse apelido por ter representado o Brasil na Conferência de Haia, que aconteceu em Genebra, onde foram assinados os primeiros tratados internacionais sobre leis e crimes de guerra.
Daí é possível ter uma ideia do prestígio dele na época.
Nascido na Bahia, em 1849, Rui Barbosa mudou-se para o Rio de Janeiro, em 1879, ao ser eleito para a Assembleia Legislativa da Corte Imperial.
Em 1895, ele se mudou com sua esposa, Maria Augusta Ruy Barbosa, e os seus cinco filhos, para a casa no bairro de Botafogo.
Dizem que ele decidiu comprar a casa porque precisava de espaço para instalar sua imensa Biblioteca.
Conhecido por ser muito estudioso e amante de livros, quando estava em casa, ele passava a maior parte do tempo em sua biblioteca, lendo ou estudando.
Foram necessárias quatro salas para guardar toda a sua coleção de livros. Sem dúvida, a Biblioteca é o cômodo mais importante da casa.
O jurista morou nesta casa até a sua morte, em março de 1923.
Quando ele faleceu, a casa, os móveis e objetos foram vendidos para o governo federal para que fosse criado esse museu.
corredor da ala íntima |
Cada cômodo da casa recebeu o nome de algum momento marcante da vida pública do político. Nem todos estavam abertos ao público no momento da minha visita.
Logo após subir as escadas, eu cheguei a Sala de Haia, que corresponde ao escritório de Rui Barbosa.
A Sala Habeas Corpus foi o nome dado ao quarto do casal.
É uma referência ao 1º Habeas- Corpus, impetrado por Rui Barbosa, em 1892, junto ao STF, em favor dos militares, poetas, jornalistas e membros do Congresso que foram exilados ou demitidos durante ditadura de Floriano Peixoto.
Sala Pró-Aliados é onde a família recebia as visitas.
Na parede tem uma espécie de campainha, usada para chamar os criados. Era considerada muito moderna para a época. Dizem que Rui Barbosa gostava de tecnologia.
A Sala da Federação era destinada a bailes e recepções.
Ao lado fica a Sala Buenos Aires, onde eram realizados os saraus de música e poesia.
Finalmente, a Sala da Constituição, que corresponde à biblioteca.
Ela recebeu esse nome por conta da contribuição de Rui Barbosa na elaboração da primeira Constituição Republicana do Brasil, quando exercia a função de Ministro da Fazenda, cargo que ocupou entre 1889-1890.
Abaixo está o despacho de Rui Barbosa em resposta a um ex- dono de escravos que pedia indenização pelos prejuízos causados pela Lei Áurea.
Na Sala do Código Civil está a escrivaninha onde o jurista revisou o Código Civil Brasileiro de 1916, que acabou ficando bastante conhecido por conter mais de 100 emendas ao documento original.
Antes de voltar ao térreo, caminhei até a Sala João Barbosa, a sala íntima onde Rui Barbosa recebia os convidados após o jantar.
Era aqui que os homens se reuniam para fumar e conversar sobre política.
Ao lado, fica a Sala Bahia, onde está a sala de jantar que era usada quando a família recebia convidados.
A Sala Questão Religiosa era usada para refeições íntimas.
Antes de ir embora, eu ainda fui conhecer a cozinha.
Próximo da cozinha fica uma sala que era usada como apoio pelos criados que trabalhavam durante os jantares da família
Naquela época, os donos da casa eram servidos à mesa, um serviço demorado e trabalhoso.
Nesta sala de apoio da cozinha repare no filtro de barro com o brasão da República. Também no filtro da parede, algo muito moderno para a época. |
Banheiro da área íntima |
Banheiro da área próxima à cozinha |
Foi um dos locais de lazer da família Barbosa. No jardim, o escritor exercia o seu amor pela jardinagem.
Além de preservar a memória de Rui Barbosa, essa Casa Museu é uma das mais importantes instituições brasileiras de cultura e preservação de documentos.
Ela guarda acervos literários de escritores brasileiros como: Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto, Clarice Lispector, Maria Clara Machado, Manuel Bandeira, Vinicius de Moraes, Fernando Sabino, Rubem Braga, entre outros.
Nem preciso dizer o quanto gostei de ter conhecido esse lugar. Um dia foi pouco, com certeza eu voltarei outras vezes.
O Museu está aberto ao público de terça a sexta-feira, das 10h às 17h30. Sábados, domingos e feriados, das 14 às 18h. O jardim está aberto todos os dias, das 8h às 18h. Entrada franca.
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