terça-feira, 1 de outubro de 2019

Palácio do Catete – Início do Brasil República ao suicídio de Getúlio Vargas


Um dos museus mais bonitos que eu já visitei foi o Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, sede da presidência da República até 1961, quando a capital federal foi transferida para Brasília.
Além de ficar impressionada com a beleza do prédio, eu não pude deixar de pensar que as decisões tomadas ali causaram grandes impactos no Brasil. Afinal, foi neste lugar que Getúlio Vargas cometeu suicídio.
É um lugar que oferece oportunidade para aprender e refletir sobre o passado, mas também exposições de arte contemporânea.
Eu vou começar a contar um pouco sobre a história do prédio.

Barão de Nova Friburgo e a esposa
O Palácio do Catete foi construído pelo Barão de Nova Friburgo, entre 1858 e 1867. 
Ele queria impressionar a Corte Portuguesa e para isso decidiu construir o prédio mais bonito da cidade. Apesar de ser um homem muito rico, o Barão era um português de origem humilde e queria a todo custo se firmar diante da família real. 

Escadaria que leva ao segundo andar, com as paredes luxuosamente decoradas
Decoração do teto do salão no térreo, com o lindo candelabro de ferro
O projeto de construção do prédio foi inspirado nos palácios renascentistas de Florença e Veneza. O resultado ficou tão bom que ganhou a Medalha de Prata da Exposição de Belas Artes, em 1862. 
Após o falecimento do Barão e da Baronesa, o filho deles, Antônio Clemente Pinto Filho, o Conde de São Clemente, vendeu o imóvel para um grupo de investidores. 

Conde de São Clemente e a esposa

Foi fundado no local a Companhia Grande Hotel Internacional, que acabou falindo e indo parar nas mãos do banqueiro e empresário, Francisco de Paula Mayrink.
À época, já tinha sido proclamada a República e a sede do Poder Executivo era o Palácio do Itamaraty, no Rio de Janeiro. 

Foto do Marechal Deodoro da Fonseca, primeiro presidente do Brasil, exposta no Palácio do Catete
Mas, em 1897, o presidente Prudente de Morais adoeceu e, ao assumir o governo, o vice-presidente, Manuel Vitorino, adquiriu o Palácio e ali instalou a sede do governo. Espertinho, né? 
A decoração do Palácio do Catete está igual à época em que era a sede da presidência da República. 


No térreo está o Salão Ministerial, onde o presidente se reunia com seus ministros. 


Lá fica a cadeira usada pelo presidente Prudente de Moraes, durante a Assembléia Constituinte, em 1891. 


Da janela do salão dá para ver o jardim do Palácio. 


No 2º andar ficam os salões mais luxuosos. Na época do Barão era aqui que aconteciam as festas e os banquetes e isso não mudou quando o prédio se tornou o Palácio da República. 


Primeiro eu entrei na Capela, que era o local de recolhimento e oração dos moradores do Palácio.


No período republicano, só foi usada como capela no casamento da filha do presidente Rodrigues Alves e no velório do presidente Afonso Pena. 
Em seguida, visitei o Salão Francês, também chamado de Salão Azul, que servia de refúgio e apoio às recepções oferecidas no Palácio. 


Depois entrei no Salão Nobre ou Salão de Baile, que relembra a vida social e o luxo da corte.


Nele eram realizadas as principais recepções do Palácio. Um luxo só!


Como sede da Presidência, esse salão continuou sendo o espaço mais nobre. Observe as Armas da República sobre a porta.


Entrei no Salão Pompeano, com decoração imitando as pinturas murais das casas de Pompéia, cidade do império Romano, devastada pela erupção do vulcão. 


Durante a República, o teto foi pintado com as Armas Nacionais e as datas históricas: 22/04/1500 (Descobrimento), 07/09/1822 (Independência), 13/05/1888 (Abolição) e 15/11/1889 (República). 


O Salão Veneziano (também chamado de Salão Amarelo) era usado como sala de visitas. Na República, o salão foi usado como sala de música e para a realização de saraus. 


Consta que, nele, realizou-se o famoso e polêmico sarau com músicas da compositora e maestrina Chiquinha Gonzaga, promovido por D. Nair de Teffé, segunda esposa do presidente Hermes da Fonseca, no qual ela apresentou um novo ritmo, o Corta-jaca, escandalizando a sociedade da época. 

Discurso de Rui Barbosa sobre o Corta-jaca de Chiquinha Gonzaga, lido por Mário Lago

O Salão Mourisco, com decoração inspirada na arte islâmica, era um local masculino, usado como sala de jogos e de fumar. 


O Salão de Banquetes tem sua função definida pela própria decoração. 


Foi também utilizado, durante o período em que Getúlio Vargas ocupou o Catete, como um espaço para reuniões ministeriais. 


Por fim, entrei no Gabinete do ex-presidente Getúlio Vargas, que foi reproduzido para o filme “Getúlio – Últimos dias”. Lá também fica um pequeno elevador presidencial, mas não pode ser usado. 



Então, após atravessar a galeria com lindos vitrais...


Eu subi as escadas até o 3º andar e cheguei aos aposentos privados da família do barão de Nova Friburgo e, mais tarde, das famílias dos presidentes. 


Eu estava prestes a conhecer o quarto onde o ex- presidente Getúlio Vargas cometeu suicídio, em 24 de agosto de 1954. 


A família do ex- presidente residiu por poucos períodos no Palácio do Catete, entre 1930 e 1945.
No entanto, após retornar ao poder em 1951, Vargas decidiu se instalar aqui com toda família. 


Antes dele, outro presidente já havia morrido no Palácio, o ex- presidente Afonso Pena, em 1909.
Hoje o quarto está igual como era no dia do suicídio de Getúlio Vargas. Nada foi alterado. 


No local está exposto o revólver que ele utilizou para cometer suicídio e o paletó de sede ainda com a mancha de sangue.
Também tem uma cópia da carta escrita por ele pouco antes de morrer, onde conclui: 


“Eu vos dei a minha vida. Agora, ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente, dou o primeiro passo no caminho da Eternidade, e saio da vida para entrar para a História”.

Neste clima, ainda impactada pela história, eu fui caminhar pelo jardim do Palácio. 


Dali é possível ter uma linda vista do casarão e da estátua de uma águia em cima do telhado.


É um lugar calmo e muito bonito, com a rua central cercada pelas palmeiras imperiais. Muitas pessoas sentam por ali para descansar à sombra das árvores ou perto do lago. 


Hoje, ali tem uma lanchonete e um cinema com uma programação muito bacana e atualizada. 
Além de contar a história da República, o Museu abriga outras exposições. 


Quando eu estive lá estava ocorrendo a exposição “A Política dos Memes” e de esculturas do artista plástico, Melvin Edwards.


Quando estiver no Rio de Janeiro vá conhecer o Museu da República, no Palácio do Catete. A estação de metrô Catete fica em frente ao prédio. A entrada é gratuita. 

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