O livro indicado essa semana é “Manuelzão e Miguilim”, de Guimarães Rosa, é dividido em duas narrativas: Campo Geral e Uma Estória de Amor.
Com uma linguagem própria, o autor revela o universo do interior de Minas através do olhar inocente de uma criança e de um homem maduro.
E, assim, conhecemos a história de duas famílias sertanejas, comemoramos suas alegrias e sentimos suas tristezas.
O livro faz refletir sobre a forma como enxergamos a nossa própria vida e eu percebi que a inocência, embora não impeça o sofrimento, faz com que a vida seja mais fácil de ser vivida.
Eu senti vontade de resgatar isso em mim. Será ainda possível? Não sei. Mas, talvez, ter lido esse livro já seja um passo nesta direção, um despertar. Vou contar um pouco sobre as histórias.
O livro começa com Campo Geral e narra a história da vida de Miguilim, um menino de 8 anos, que vive no Mutum, no meio dos Campos Gerais.
O menino vive no seio de uma família sertaneja típica, mas é fixado na idéia de conhecer o mar. Ele é sensível, delicado e isso faz com que se torne alvo constante de brincadeiras maldosas de outras crianças e também de comentários dos adultos.
O seu melhor amigo é Dito, o irmão mais novo, admirado por sua prudência, sabedoria e lealdade, que tem uma morte lenta e dolorida após machucar o pé e contrair tétano. “(…) todos os dias que vieram depois eram tempo de doer”.
O ponto alto da história é a forma como Guimarães nos permite enxergar o mundo através do olhar inocente de uma criança e ainda despertar em nós profundas reflexões sobre a vida.
No final do livro, quando o personagem se despede da família para ir morar em uma cidade grande, é descoberto que Miguilim sofria de miopia. Com os óculos emprestados, ele começa a enxergar o mundo por outros olhos, literalmente.
Assim, ele consegue perceber a beleza do lugar e de seus familiares, como alguém que se despede da infância.
Manuelzão - Já a segunda parte do livro, Uma Estória de Amor, conta a história de um homem chamado Manuelzão, vaqueiro, com mais de 60 anos, que decide fazer uma festa para comemorar a inauguração de uma capela, erguida em homenagem à sua mãe falecida.
Ele é administrador da fazenda Samarra e, ao longo da narrativa, percebemos a necessidade do protagonista de ser reconhecimento e admirado como sendo homem de valor.
Durante a festa, Manuelzão sente dores nos pés, cansaço, mas resiste a ideia da velhice e continua recebendo os convidados e peregrinos que chegam para a festa.
Enquanto isso, ele se recorda da relação com o filho Adelço, que nasceu de um caso rápido, com quem não simpatiza por considerar mesquinho e maldoso. No entanto, parece que por trás desses pensamentos há uma rivalidade pelo amor da nora Leonísía, que faz o personagem se sentir culpado e “velho demais”.
A história conta com muitos personagens interessantes, entre eles, Joana Xavier, uma representação da liberdade feminina, e o velho Camilo, homem bom e humilde, que ganha importância no final da narrativa.
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