quinta-feira, 1 de setembro de 2022

Esse tipo de gente


No final da tarde, ela chegou e me perguntou: - Estamos bem?

Eu sorri e respondi que sim, como se minutos antes eu não estivesse convencida de que o melhor seria mantermos distância uma da outra.

As nossas diferenças nos colocam em dois pólos opostos e, geralmente, lidamos bem com isso, exceto na manhã que antecedeu essa conversa.

Tudo começou quando ela me disse que não tomaria a vacina contra a COVID-19. Não que eu tenha ficado surpresa, mas ouvi-la dizer isso em alto e bom tom me irritou.

Sempre busquei respeitar as opiniões dela, mas eu havia acabado de ser vacinada e me sentia tão feliz, que não consegui compreender como alguém poderia recusar fazer o mesmo.

Assim, começou a nossa troca de palavras rudes ditas com vozes alteradas.

Logo a turma do “deixa disso” se aproximou para nos acalmar, afinal, estávamos em um ambiente de trabalho.

Alguns “curiosos” fingiam-se chocados e, antes que os “fofoqueiros” pudessem pensar na história que contariam no andar de baixo, decidi deixar o prédio e caminhar um pouco.

Eu estava tão brava com ela, jurei que passaria a ignorá-la, não aceitaria mais conviver com “esse tipo de gente”.

E, passado apenas poucas horas, lá estava eu sorrindo pra ela, dizendo que estava tudo bem.

– Eu não estou pronta para tomar a vacina, sei que sou minoria. Ela me explicou.

Foi nessa hora que eu pedi desculpas por não tê-la tratado com respeito, apesar de não concordar com a decisão dela.

O que me fez mudar de ideia tão rápido e manter a nossa amizade foi a atitude dela de vir falar comigo.

Eu não teria agido dessa forma e de repente percebi que se ela não é perfeita, eu também não sou.   E, dessa vez, ela foi diferente de mim até que foi bom.

Estamos bem? Sinceramente, acho que ninguém está bem. 

E viva o SUS! 

 

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