Outro dia eu estava em um café conversando com uma amiga e falávamos sobre o tempo em que nós duas precisamos viver separadas dos maridos, não por opção, mas por causa do trabalho. No meu caso, eu estava grávida do meu segundo filho, estávamos com graves problemas financeiros e precisei retornar para a casa dos meus pais, levando apenas a mala de roupas.
Enquanto
isso, meu marido permaneceu na cidade onde morávamos, concluindo a venda da
empresa e cuidando da nossa mudança.
Até a
decisão de jogar a toalha e dar um novo rumo às nossas vidas, nós trabalhávamos
juntos e dividíamos, inclusive, a mesa do escritório.
De
repente, estávamos vivendo separados, falávamos apenas por telefone.
No
entanto, o que ele falava não era o que eu queria ouvir e fui acumulando
dissabores, mágoas, angústias, medo...
Eu me
preocupava com o nosso relacionamento, queria ouvi-lo dizer que sentia a minha
falta e ainda estava animado para ser pai. Enquanto isso, ele me perguntava
sobre pagamentos de duplicatas.
E, por
dias, nossa relação ficou estranha.
Não sou
uma pessoa que chora fácil, mas eu precisava realmente pôr para fora aqueles
sentimentos e me agarrei à música da Sandra de Sá.
(...)
Quando a gente ama é claro que a gente cuida, diz que ama só que é da boca pra
fora. Ou você me engana, ou não está maduro, onde está você agora.
Eu
cantava essa música o dia inteiro e repetia que o meu casamento havia terminado
e eu o deixaria. A minha mãe tentava me consolar, mas eu estava irredutível.
Imagina
uma mulher grávida, chorona e cantando a mesma música o dia todo. Era eu
naqueles dias. Como acabou essa história? Meu marido veio num final de semana
e, quando nos vimos, essa música parou de tocar na minha cabeça.
E,
assim, recordamos de outra canção que deu início ao nosso relacionamento, bem
mais animada: (...) Amor da minha vida, daqui até a eternidade, nossos destinos
foram traçados na maternidade.
Estamos
casados há 27 anos, tivemos tempo para cantar muitas músicas, juntos e
separados, mas no final, quando ela acaba, é com ele que eu quero me deitar.
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